terça-feira, 14 de março de 2017

Incoerência

"Let's run away
Let's go and waste another year
Let's spin apart while racing through the atmosphere
We tumble through the night
We burn so bright
We're teenage satellites" (Blink 182 - Teenage Satellites)



Atualmente, tento escrever com um pouco de dificuldade. Antes as palavras dançavam em minhas mãos de forma tão natural, mas confundindo todos ao meu redor. E esse é uma boa noite pra ver até onde elas vão. Não vou dizer que eu sou a melhor pessoa do mundo. Nós todos sabemos que isso não é verdade. O sono bate na minha porta, eu não abro. O silêncio é minha companheira de dança esta noite, apesar de ouvir notas de guitarra nos meus fones de ouvido. Sigo em frente, escrevo palavras de novo e de novo em busca de uma nova redenção, como tenho feito nesses longos anos. É incrível que algumas coisas nunca mudam, não é mesmo? Me construí com emoções de vidro, e as quebrei de modo instantâneo. E por incrível que isso possa soar, isso não me assusta ou me incomoda.


Mas por que eu faria isso? Porque eu resolvi caminhar. Resolvi parar de ser a criança sentada sozinha no banco da praça com lágrimas no rosto, Eu acho que eu me cansei de chorar e resolvi fazer algo a respeito. Todos tem algo pra proteger. Mas ao mesmo tempo, de alguma forma, isso pode condenar outras coisas que as pessoas protegem. Mas, qual é o erro em ser, em proteger? Por que isso soa de alguma forma errado, quando suas atitudes são erradas mas tem um bom motivo? Como é o procedimento? Não tem. Não existe tal coisa como procedimento. Pois quem criou o termo "procedimento" foi algum humano, e isso só foi aceito porque um bando de gente aceitou essa ideia junto. Percebe a incoerência?


A incoerência é que definições e coisas do tipo é algo único e individual. Se eu quiser que a palavra "amor" seja a definição de ficar seis horas sentado assistindo um filme e comendo porcarias, esse vai ser meu amor. É o que eu acredito. É o que eu vou lutar pra acreditar. Não se deve, não se pode, não se aceita coisas de cabeça abaixada, lute por você mesmo. Você existe. Você não é intangível, você pensa, você tem fé, você tem sonhos e tem ideias. Acredite. Não é porque alguém acha que a faculdade é o inferno que pra você vai ser por causa das palavras dessa pessoa. Perceba você mesmo.


O que eu defino pra minha vida de agora em diante, é que liberdade não é apenas sair para o mundo, ou independência, ou até mesmo sentir o vento contra o seu rosto. Liberdade não é isso. Liberdade é dar valor de verdade pelos seus sacrifícios, conhecer a trilha que você deixou até agora. Você não é uma mentira. Esses anos provam isso. Sem mais ser quem eu não sou, hoje eu busco ser eu mesmo. Mas, eu ainda ando. Perdi tantas coisas na minha vida, que eu sei o valor da perda. Eu sei como é o sentimento vazio feito de coisas podres, como se tivesse algo que estivesse te corroendo por dentro. Eu já estive aí. Eu já caminhei nessas pedras. Eu sei como é.


Mas nem por isso eu coloquei uma bala na minha cabeça. Cogitei, não minto. Entretanto, eu percebi que eu não sou um soldado que prefere perder a guerra antes mesmo de ir pra linha de frente. Nunca fui dos soldados que sabem lutar, mas eu sempre fui daqueles que costumam curar os outros. Nem percebia minha feridas. E eu ainda estou aqui. Mesmo sendo eu, eu caminhei, percebi que uma bala é pequena perante a mim, percebi que acabar comigo é um teatro triste. E não quero que a palavra triste e teatro se associem. A tristeza é algo natural, é algo que é um fato. Mas isso não pode fazer com que suas lágrimas sejam mais que seu suor. Quando ficar mal, soque sua perna, grite, ande, corra, faça alguma coisa, só não deixe suas lágrimas serem as donas do seu mundo.


Fiz um post no ano passado, que eu dizia que eu iria pintar meu céu das cores que eu quisesse e que minha lua é feita de queijo, estou tentando. Minha lua ainda está na parte de transformação para queijo, e as cores ainda estão bagunçadas. Eu estou tentando. Espero que você que esteja lendo, esteja fazendo o mesmo, o mundo é feito pra você inventar. Não mate o seu mundo.

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