domingo, 20 de novembro de 2016

Até.

"And I think it's gonna be a long, long, time
'Til touchdown brings me 'round again to find
I'm not the man they think I am at home
Ah, no no no
I'm a rocket man
Rocket man
Burnin' out his fuse up here alone" (Elton John - Rocket Man)





Impérios feitos de cartolina, os espelhos colocados no fundo do apartamento para parecer que este império seja um pouco maior do que ele é. Tudo encaixado como se fosse um grande quebra-cabeça feito pra ser assim, mas as coisas nunca funcionam como deviam. Me enviaram ele pronto, mas eu recebi o quebra-cabeça e o desmontei peça a peça para que as coisas não funcionassem direito. Preenchi lacunas com cimento e escrevi vários nomes, para que pelo menos estes que escrevi nunca fossem esquecidos, mesmo que bata um tornado na minha porta e destrua tudo o que eu tenho. Mesmo que a chuva seja forte, mesmo que o mar encontre a minha janela, o cimento com os nomes jamais será afetado. Assim, eu os protejo, com toda certeza, e meus olhos estarão contentes de vê-los eternizados em um chão.


Imprima as notas falsas, e as coloque para trabalhar em lugares que não querem, talvez elas ainda funcionem mesmo com suas má impressões, mesmo que contenham números errados. E aqui está, o novo chá que preparei para conversar depois de um longo dia, depois de passar um longo dia sem acreditar num sol novo. É incrível como acordamos e vivemos com o mesmo sol, e com a mesma lua, e nossas vidas continuam patéticas sem percebem o tamanho da nossa existência perante tudo isso. Eu consigo tapar um pouco do céu com a minha mão e ainda não sabemos se nossas vidas são tão boas assim. Nós damos parabéns em dias de aniversário por respirar. O que somos nós?


Ouça aquela música que toca no seu rádio, aquela dos anos 80 onde as pessoas falavam de amor e falavam sobre como era importante a gente ter um abraço de vez em quando. Olhe pras estrelas e veja o quão pequeno você é perante a um universo e perceba que as estrelas brilham mesmo que você não queira fazer nenhum desejo. Quando criança eu achei que a lua era feito de queijo, e eu queria ir viajar pra lá pra eu experimentar o queijo da lua. E então, fiquei mais velho, e descobri que não tinha queijo nenhum na lua e no máximo eu iria encontrar era pegadas e buracos. Eu queria ainda que minha lua fosse o que eu achava e não o que diziam. Uma pena.


E então, eu percebi que as minhas estrelas e minha lua, não estavam penduradas por um barbante, e o céu não era uma lona. Percebi que tudo isso envolvia estudos científicos, percebi que só o fato de pensar tinha até nome, uma tal de "filosofia". O que diabos estava acontecendo com minha cabeça? Parece que pegaram a minha casa feita de lego e deram um chute forte pra desmontar tudo. E então, eu fui crescendo e fui desacreditando nas coisas bobas que eu quando criança acreditava. Parei de acreditar que existiam super heróis pra salvar as mocinhas presas em prédios em demolição, parei de ver as pessoas como algo real, e sim um bando de ampulheta feita pra acabar.


E então, eu percebi que eu era alguém sem visão alguma. Eu tinha olhos feitos cinza, eu desacreditei em tudo o que eu podia ter. Eu era alguém sem nada, eu era um poeta sem palavras, um cantor sem voz. E o que poderia tirar alguém desse fundo de poço? Músicas já não faziam milagre, e poesias já não tinham tanto efeito assim. O que eu poderia fazer? O que eu fazia quando criança e sentia que meu céu estava tendo previsão de chuva permanente e estava sem ideias? Eu desmontava. Eu jogava os panos, tirava os barbantes, pegava um papel e desenhava de novo. Fazia tudo do zero. É o que eu preciso.


Hora de resetar. Construir um prédio feito de branco onde o pintor e o arquiteto será eu, e um mundo onde eu possa moldar do zero,e poder acreditar de novo. Parar de me matar todos os dias, parar com essas histórias onde eu encontro o meu corpo estirado no banheiro com litros e litros de lágrimas. Hora de começar um papel. Um papel onde não existe preto e branco, e sim uma caixa da Faber Castel de 100 cores onde eu posso moldar um mundo só meu. O céu de dia vai ser laranja e de noite roxo, e ninguém vai questionar. Minhas estrelas irão brilhar tanto que irão cegar as pessoas ao meu redor, e minha lua derrubará queijos e mais queijos.


O céu é muito mais bonito quando você percebe a existência dele. E você, sim, a pessoa que está lendo esse texto, também é mais bonita quando você se aceita e percebe a sua existência. Somos pequenos, mas somos grandes por entender que somos pequenos. Não desperdice a sua vida pensando que somos fracos e que as coisas estão difíceis. O seu relógio toca todo dia, mas ele não conseguirá entender sentimentos, emoções. Então, ande, corra, pule, ande de bicicleta, dê abraços e mais abraços, desperdice só sua voz pra elogiar alguém, sorria... Respire e viva. O mundo está cheio de porcaria, que tal fazer uma porcaria boa de vez em quando? Não sou um ditador de felicidade, eu sou só um cara tentando fazer alguma coisa, nem eu sei o que tô fazendo pra falar a verdade.Eu só estou indo, se eu descobrir aonde eu vou, eu te conto. Até.

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