domingo, 28 de agosto de 2016

Qualquer Um

"Nunca me deram valor
  E eu não sei o quanto valho
  Nunca te deram amor
  E isso como sei que vale" (Supercombo - O Calculista)



E pensar que versos simples impressionam pessoas que acham poesia muito complexa. Aqui estou novamente, deitado no chão, colocando palavras para aquecer meu coração feito pra explodir. Não achei que fosse precisar deste blog novamente, me perdoem minhas palavras, mas eu nunca quis que isso fosse algo que eu fosse guardar com tanto carinho. Mas eu guardei, porque de alguma forma eu sempre estive pensando que a balada da eterna tristeza nunca iria terminar e eu não podia ir para o jardim gritar com todas as minhas forças. Eu precisei ficar. Eu acabei segurando as mãos, e rezando pra todos os deuses e acabei no meio de um salão vazio com mesas viradas e uma banda ruim tocando "Love me Tender".


Muitos me disseram que iriam ficar. Muitos disseram também que a tristeza era passageira, e muitos me disseram até que era bobagem da minha cabeça, que eu não podia ficar dessa forma, que não fazia sentido. É, realmente, mas o que posso fazer sobre isso? O que posso fazer se todos os dias a minha mente cria mil formas de dizer adeus pra todos que eu encontro, e o que diabos eu poderia fazer para escapar dessa maldição onde eu acabo a noite escrevendo textos que me deixem me sentindo o ser humano mais  horrível? Isso é como se arrancassem minha alma pra fora e colocassem pra dentro, incessantemente.


Minha memória tem falhado como se fosse um computador mal programado. Não sei o que eu fiz, mas acabo me esquecendo fácil das coisas, de coisas que eu deveria lembrar, e apenas guardo na memória feridas que eu sei bem que são vivas. Existia um cara uma vez que me disse: "Garoto, você está indo para uma avenida onde as ruas são feitas de plástico". Primeiro passo que dei eu afundei, percebi que tudo em minha volta era incerto, como se fossem apenas uma coisa da minha cabeça. O que aconteceu além de mentiras cobertas de verdade? Eu nunca vou me perdoar. Esse texto vai pra qualquer um. E esse qualquer um, espero que leia até o final.


O silêncio me dá boas-vindas, fala que eu desapareci e pergunta por onde andei. Não respondo, eu tenho que escrever minhas palavras bagunçadas. Qualquer um que leia, se você por favor notar, eu tento todos os dias me livrar do peso que carrego em minhas costas. Seja lá o que eu tenha feito, eu devo ter feito, eu sei que fiz, eu juro que fiz, mesmo eu não sabendo o que eu fiz, mas eu cometi algo que tenha machucado qualquer um. E meus olhos lacrimejam. Minhas mãos tremem, e nem é por causa da epilepsia. Quem diabos está cantando essas horas da madrugada? O vizinho é irritante. Espere. O texto ainda não terminou.


Lembra? Se lembrar, prontifique-se de me avisar. Faça o que eu não faço, lembre-se de coisas importantes, salve sua vida. A minha está condenada ao eterno buraco negro feito de lágrimas enquanto eu te olho voar. Eu estou aqui no chão, vendo os anjos brincando de serem felizes. Eles são lindos. Os anjos um dia provavelmente irão segurar sua mão pra brincar também, e eu vou continuar olhando da onde estou. Afinal, eu não posso. Tudo o que eu posso fazer é olhar, fingir que em alguma parte minúscula da minha imaginação seria feita de felicidade. As verdades não me perdoam. E eu nunca irei me perdoar.


O tempo é falho, a brisa é inútil. Quem diria que palavras toscas pra mim fazem sentido? Todas elas, todas elas tem algo. Pois elas, são tudo o que eu tenho. Minhas mãos tocam o chão, e eu derrubo meu resto de amor que eu tinha. Carrego como papéis desorganizados, brinco como se fosse um soldado armado. Eu lembro de memórias ruins de novo, mentiras feitas em minha cabeça jamais serão reveladas novamente. Elas brincarão de se esconder num cofre a setenta e cinco chaves e nunca mais sairão. Eu nunca mais vou ver essas mentiras. Nunca mais irei segurá-las e falar "ok, está tudo bem".


E vai-se uma noite em insônia. Emito as minhas últimas palavras, dessa vez, qualquer um pode ler. Está tudo bem se dessa vez eu não consiga segurar meu império de papel. Está tudo bem eu fingir que minha armadura não está feita de reparos ridículos. Está tudo bem, foi o que me disseram. Já está na hora de eu parar de lutar. Ridículo foi o dia em que eu tentei e falhei miseravelmente. Está chegando a hora em que o baile enfim, vai chegar ao final. A banda está parando aos poucos aquela música maldita, e eu vou poder abrir a porta do salão. Estamos chegando ao fim, dance de forma contínua mais um pouco. Está tudo bem. Está tudo bem.

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