"Pray tomorrow - gets me higher high high
Pressure on people - people on streets
Turned away from it all like a blind man
Sat on a fence but it don't work
Keep coming up with love
but it's so slashed and torn
Why - why - why ?
Love love love love love" (Queen - Under Pressure (feat. David Bowie))
Quase dezembro. Esse ano realmente passou muito rápido pra mim. Eu meio que me perdi no meu relógio várias vezes e muitas vezes perdi compromissos irreparáveis, acho que a palavra "compromisso" se tornou algo bem marcante na minha história. Vários motivos me levaram a crer que a cidade onde morei não é a cidade que eu sou bem vindo, entre eles há o fato de que os amigos que tive não são os mesmos que me têm, as paredes das escolas que há meu sangue invisível desenhado e meus olhos só vendo cinza toda vez que passo aquelas quadras repetitivas.
Óh, meus pais, o que pensaram quando eu disse que odiava aquela cidade? O que eles disseram quando conversaram sozinhos no quarto, quando eu lhes disse que não queria voltar, que quanto mais eu ficasse longe seria melhor? Pois bem, aqui estamos de novo, neste mesmo blog, neste mesmo horário, escrevendo algo que eu sempre escrevo todo ano. Este blog tem quase cinco anos de história, e nele eu coloquei quase todas as minhas cicatrizes, está registrado aqui todas as palavras engavetadas na garganta, que eu deixei de falar seja por medo, seja por vergonha, seja por timidez.
Eu construí aqui uma história que mesmo que eu um dia resolva apagar esse blog, um dia eu queira queimar todos os registros dessas palavras melancólicas, ela ficará marcada como se fosse uma cicatriz direto na bomba do peito. Cada palavra que eu escrevi aqui, foi com a minha alma que elas dançaram. Cada dia que eu chorei enquanto colocava essas dores, todos eles me fizeram o que eu sou agora. E quando eu escrevi que eu estava pedindo socorro, eu realmente estava dizendo socorro baixinho no meu quarto. Mas é claro, ninguém podia ouvir.
Entretanto, ninguém me salvou. Ninguém bate na porta das pessoas e diz "vim te salvar".Não existe super-herói. Se existisse, provavelmente estaria salvando pessoas de prédios em chamas e cidades em guerra. Eu não sou aquela coisa de prioridade, pelo menos, não no momento. Mas, eu acabei esperando, porque eu sou ótimo em ser idiota. Sempre esperando, sempre andando em círculos, sempre achando que se eu continuasse esse ciclo sem fim uma hora eu ia travar o sistema e tudo ia reiniciar de um jeito diferente. Só que a vida não é um computador.
Foi aqui a única vez que reli todos os textos de algum autor, e foi aqui que eu neguei a mim mesmo que eu tinha depressão. Mas eu tinha. Acho que se eu forçar bastante a memória eu consigo lembrar a ordem das carteiras no meu último ano do ensino médio. Ah, aquela época, panelinhas, briguinhas, coisas de adolescente tentando ser grande. Foi lá que eu reparei que história existe em qualquer lugar, a diferença é saber qual delas você precisa ler. Todas as que eu podia, eu li. Todas as que eu consegui chegar perto, eu tentei adicionar observações e comentários. Digamos que eu era um intrometido. Mas eu gostava de ajudar as pessoas a escreverem as histórias.
Eu sempre costumo dizer que minha memória anda queimada, só funciona pra coisas inúteis. Eu não lembro de todos os rostos que eu conheci, eu consigo apenas deixar os nomes marcados como se fossem alguma escrita antiga sem interpretação. Guria que eu dei o meu primeiro beijo, me perdoe, mas onde quer que você esteja, eu nunca vou lembrar de teu rosto, mas acho que teu nome era Amanda. Não, eu não estava bêbado, eu só tenho memória ruim pra essas coisas. Acho que beijei umas sete gurias em todos esses anos, e namorei umas duas. Mas me apaixonar? Acho que passa de vinte vezes.
Eu lembro também quando foi criado uma panelinha entre várias idades e várias coisas,e depois disso veio aquela história de gerações dessa panelinha. Por favor, um bando de adolescente retardado querendo falar de gerações? Mas o que se pode fazer numa cidade parada, é criar um mundo onde tudo corre rápido. Foi naquela cidade que eu arranquei minha alma várias vezes e coloquei de novo pra me ferir mesmo, e mano, pensando bem, foram várias vezes que eu tive que me esconder ou correr pra fugir de brigas que eu me meti sem querer. Eu era um ímã de confusão.
Ah, esses anos me proporcionaram uma confusão de sentimentos, talvez eu fosse uma cobaia de Deus. De qualquer forma, nesse final de ano, eu estou controlado. Quer dizer, continuo com ideias doidas, ideias simultâneas do nada, mas eu mudei. Mas, com tudo o que eu me tornei até hoje, todas as cicatrizes que eu fiz e que outros fizeram, me mostram minhas mãos tremendo de ansiedade e de empolgação. Dizia um poema, "sou sernhor do meu destino, sou comandante da minha alma".
Mesmo que por um pouco, eu mudei. Uma mensagem às pessoas que me conheceram esse ano, vocês não fazem ideia o quão fundo eu sou, e cara, o meu mundo é grande. Meus olhos tem apenas dezenove, mas minha alma é uma anciã andarilha criadora de histórias. Ela me diz que esse ano mostrou o mundo pra mim de verdade, e não aquele preto e branco que eu morava. Ela me fez conhecer histórias e pessoas novas, gente que eu posso realmente encostar e colidir mundos. Ela me mostrou que eu posso dançar e sentir a vida. Eu posso. Eu vou. Eu sou.
**não esperem textos nos próximos meses, já que é época de festividade e férias então provavelmente estarei meio ocupado. Mas se aparecer texto é algo incomum, deixando claro.
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
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