"Well, I've been afraid of changing cause I've
Built my life around you
Time makes you bolder
Even children get older
And I'm getting older, too
I get older, too" (The Smashing Pumpkins - Landslide)
Eu gosto de observar. Talvez a minha velha mania de querer reparar nos erros alheios para amenizar o notório passo desengonçado meu fez com que eu carregue tudo o que sou hoje. Eu me lembro bem como eu era antigamente, inocente, carente, perdido, sozinho. A única coisa que mudou daquela época para agora é que eu sou frio, carente, perdido, solitário. Ao contrário de muitos pensam, sozinho e solitário são coisas completamente distintas. Quando se é sozinho, você está sozinho, é algo de momento, é o que está ocorrendo agora. Solitário é ser, sentir, viver solitário, maltratando seus pensamentos um em um, se tornando um carrasco de si mesmo. Meio que a vida me fez assim, e não estou nem um pouco agradecido por isso.
E aquelas palavras que há muito tempo deixei no passado, distinguindo o certo do errado, sendo apenas aquele rapaz infantil achando que as ruas se contorcem a medida que nossos caminhos se entrelaçam. Mas, querida, não se preocupe se eu não chegar até o outro lado da ponte. Eu meio que sou azarado o suficiente daquela bosta cair na metade do caminho. Me sinto como se estivesse pego minha mochila em rumo ao nada, e por incrível que pareça, me sinto melhor nesse vazio. Talvez o universo não seja tão imenso assim, talvez ele seja do tamanho da liberdade das pessoas. Quanto mais livre ela for, maior ele é. Ou seja, a gente tá muito fodido. Não é como se eu servisse para filósofo, mas é que eu curto essas paradas de falar muito pra dizer pouca coisa e não ter muito trabalho além de ler, ler e escrever a mesma coisa com palavras diferentes.
Estou em cacos, jurando de morte pessoas malditas. Essas pessoas, por incrível que pareça são mais importantes do que aquelas que não fizeram nada contra mim. Talvez por que foi por causa delas que eu aprendi que cicatriz é a melhor camada de proteção, e lágrimas é a melhor hidratação de todas. Eu amei o jeito que elas dançaram sob minha cabeça, rindo, prometendo, e o pior, não cumprindo. Não estou reclamando, estou constatando um fato. Meu Deus, eu estou surtando praticamente. Estalo meus ossos mais uma vez, talvez eu possa crescer assim, sentindo e escutando o barulho que consome o cenário. Escrevo e escrevo novamente com a esperança que as palavras dominem essa guerra na minha cabeça, com esperanças que o lado ruim levante logo a bandeira branca.
Eu decorei minhas promessas de cores neutras, a fim de que elas se decidam se são escuras ou claras, para que eu não precise ficar decidindo as coisas. Estou cansado de resolver problemas, estou cansado de ser legal e dizer que me preocupo com muita gente, das quais eu poderia atirá-las de um penhasco, e minha preocupação com coisas vazias e sem sentido dominam minha mente, enquanto minha voz adormece no silêncio da solidão, a sensação de faltar algo. Confesso que faz um bom tempo que não observo as estrelas, das quais eu jurei nunca as abandonar. Talvez tenha tomado essa atitude após perceber que existe muitas, e muitas morrem de repente e param de brilhar, é apenas um processo natural.
Houve uma vez que me vi participando de um grande baile na cidade, estavam todos lá, amigos, familiares, gente influente e gente que estava decadente. Tinha de tudo, banda, luzes, música, bebida, tudo o que uma festa tem de direito. Percebi que o meu olhar diferenciava dos demais, sentado numa cadeira no canto inferior esquerdo do recinto, observando os passos sem direção das danças de cada um. Eu não sei dançar, falava para mim mesmo, como se fosse resolver dançar. Não é apenas isso, é como se eu simplesmente não pertencesse a esse mundo bagunceiro, a esse mundo da festa, e é como se simplesmente eu não tivesse um par. Estava eu de mãos dadas com minha velha parceira, a solidão, observando como os outros casais funcionam bem. A solidão não pára de me dizer que não me suporta mais, bom, o sentimento é mútuo.
Entretanto ela é uma hipócrita, pois agora me chama pra dançar. Eu dou gargalhadas num ato de desespero, até parece que alguém como ela iria dançar comigo. Meus passos enfezados em seguir passos desesperados, eu fico ridículo. Ela me puxa, ela me conduz, talvez por eu ser tão passivo em tudo o que eu faço. Por que ela é a única que consegue me entender? Será que é por que o resto das pessoas simplesmente não entendem meus passos frenéticos? Ah, eu simplesmente odeio essa alteração para melancolia do nada, eu simplesmente ajo como se fosse um emotivo que faz de tudo pra chamar atenção, quando o que eu quero mais é não sentir esse buraco no peito, sentir como se eu estivesse em metade.
E assim o baile termina, a música chega ao fim, e os casais saem da festa de mãos dadas, o rapaz, tirando seu casaco para aquecer seu par, do qual faz um charme, mas na verdade é a blusa o que ela quer. Pareço um romântico com seus pensamentos utópicos. Ao meu lado, só tem essa guria crica que pede para que eu a coloque no meu quarto. Não posso reclamar, é a única companhia nesses dias chuvosos. Tem alguma maneira de eu te lembrar além das partes boas? É que eu meio que tenho uns flashes que eu adoraria atirar na minha parede, para ver se esmigalha. To cansado de lembrar que você existiu um dia. Quando pessoas perguntam de você, metade de mim quer matá-las, metade de mim quer me matar. Do jeito que perguntam, do jeito que eu respondo, parece que foi rápido demais. Não posso negar que não foi. E meu ano de 2014 passou rápido, assim como o que a gente teve. E assim como o que a gente teve, o ano 2014 vai deixar uns vestígios.
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