segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Meras Canções de Um Mudo

 "Eu nunca fiz questão de estar aqui
 Muito menos participar
 E acho que o meu cotidiano
 Vai me largar" (Supercombo - Piloto Automático)



Longo tempo eu passei com velhas novidades, usufruindo de uma rotina morta e sem sentido. Hoje, costuro-me mais um pouco como de costume, morro mais um pouco para não me machucar vivo. Saturo-me, congelo perante às palavras ácidas e sonhos suicidas, prejudicando meu ar enquanto respiro. Veja, hoje as coisas são mais que perfeitas, todo mundo feliz, com suas lembranças e suas palavras novas, e eu aqui, passando o tempo quebrado, amaldiçoando as pessoas quando o culpado sou eu, perdendo meus cacos por aí.


Serei para sempre o cara legal na ponta esquerda, apenas o que preenche espaços, o que arruma os problemas dos outros, satisfaz o que falta para os outros, mas que fica aqui, distante para si mesmo, morto para si mesmo. Já diziam por aí, o rock acabou, as palavras já se foram como velhas histórias que nunca mais se sentem, e aquele espaço em meu coração continua ausente, como uma ligação para lugar nenhum. Para quem eu deveria ligar por primeiro, para quem eu deveria mandar um grito desesperado de socorro? Ando com meus problemas, alguns de muito tempo, alguns de tempo mudo.


E eu engano-me, deixo-me seguir de maneira exata as coisas irreais. Sou eu seguindo o caminho errado ou eu sigo errado o caminho certo? A música me provém juventudes que nunca vivi, jogando flores no mar com a esperança de que alguém venha me visitar. Eu estou quase desistindo de respirar, tem estado difícil, tem me embaralhado com outras tarefas, tem me ferrado em algumas coisas então prefiro deixar isso um pouco de lado e rever minhas prioridades. Devo conduzir minha vida igual às más línguas, como um mero "certinho" egoísta e mimado.


Falta-me esperança, falta-me notas de uma flauta, algo para demonstrar que existo, algo para cantar. Que direção seguir, que mundo retornar? Que sinais do céu vão me iluminar, quem vai ser a última pessoa que vai me abraçar? Eu mesmo. Serei meu sonho, serei a pessoa certa para mim, serei tudo o que sonhei e que ninguém quis a vaga. Bravamente lutei, esqueci tudo o que fizeram para mim, fingi que estava tudo bem e que eu iria seguir em frente. Eu só, me iludi ao achar que dessa vez seria diferente.


Está tudo bem, eu juro. Apesar das minhas cicatrizes queimando como se estivesse no inferno, apesar de minhas lágrimas escorrerem o tempo todo, apesar de eu respirar como se estivesse faltando ar. Apesar de eu existir, eu ainda não vou estar aqui. Os pensamentos suicidas voltam a dançar sob minha cabeça, talvez porque a melancolia é sua namorada. Estou cansado demais, mais do que isso tudo, mais do que apenas lábios que se tocam,cansado dessa cidade em chamas. Estou cansado de ser o único que não se queima, cansado de não querer ser carbonizado.


Derreto-me como cera de vela, morro como se fosse alguém com seu último suspiro. Cá estou novamente, com meus meros dramas, com minhas ideias estúpidas ultrapassadas, com minha volta ao lar, meu nada. Sou um alguém que se precipita demais, como se eu sonhasse que o infinito estivesse longe do nunca mais, como se meus gritos voltassem a ser o que sempre foram: Meras canções de um mudo. Está tudo bem,não é? É o que sempre digo para mim mesmo, com a esperança que eu mesmo me entenda, que eu consiga me recuperar de mais uma dor, mais um tombo.


Eu deveria ficar bêbado, deveria parar apenas de ser legal para com tudo e todos. Deveria ser um mero melancólico, mais do que já sou, pois se não bebo me torno um sóbrio dramático, se eu ficasse bêbado provavelmente seria melancólico. O suicídio só não ocorre por respeito aos meus familiares e meus melhores amigos, não gostaria de deixar um buraco tão grande. Entretanto, a solidão me faz desejar isso mais e mais, como se fosse meu último objetivo.


Quantos troféus jogados fora por mero capricho, quantos sonhos carbonizados por ter esperado e não buscado? Cá estou, escrevendo cartas para o céu, dizendo a eles que não estou conseguindo dormir ultimamente. As coisas tem estado mais complicadas do que parece, e parece que estou ficando sobrecarregado como se estivessem pendurado quinhentos tijolos nas minhas costas, e a melancolia me prende num quarto escuro e vazio. Aguardo mais um pouco, insisto em minutos o que não fiz em anos. É tempo de levantar de novo, o mundo não me espera.

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