quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Aqui

 "Fui levantar, não achei
 Um bom motivo pra acordar
 Tá tudo bem,não,não há
 Com o que se preocupar
É que eu me encontrei com o nada
E acho que aqui é meu lugar" (Moptop - Desapego)



Meras poesias fiz para que amenizasse minha dor, ah, mas eu fiz demais. Tantas palavras encaixadas por lá, tantos planos para refazer, refletir, minha vida está algo muito mais bagunçada e eu não posso fazer mais nada. E eu nem consigo mais olhar pro céu, parece que as noites são mais longas, os sonhos são mais curtos e os meus sorrisos são inúteis. Não tenho mais palavras pra colocar em posts, não tenho mais sentido nessa minha mera existência vazia. Sangro como se não houvesse amanhã, vocifero palavras cortantes para que eu nunca sobreviva neste mundo frio.


Acredito que eu não cresci de maneira correta, cometo erros, deixo as pessoas me machucarem como se eu fosse um mero fantoche no meio de todo esse carnaval, deixo facilmente as pessoas notarem como me sinto e meus sentimentos estão com uma porta sem cadeado. Eu deveria era mesmo de trancar essa porta e  nunca mais abrir, para ninguém, nem para mim, para que as pessoas entendam o que diabos estão fazendo comigo. Deturpam-me, flagelam-me, continua esse filme sem término e muita gente assistindo de camarote esta tortura insana.


É tempo de fingir felicidade, é tempo de cortar as lágrimas ao meio ao mesmo tempo que se corta o seu rosto sem querer. O mais difícil é lembrar que meus sonhos é mera utopia, é como se tudo fosse mera exposição num museu de flagelações. A solidão corrói o peito, como se fosse um balde de melancolia e dor derramando sobre minha cabeça. É tarde pra recomeçar, é tarde pra dizer de verdade pras pessoas como me sinto perante a elas, perdido em meros trechos de músicas que eu sei que mais tarde vão enjoar. O suicídio é uma doença que às vezes até parece interessante, mas logo isso sai da minha cabeça.


Desculpem-me, podem me xingar por isso, mas até eu mesmo sinto que tudo está insuportável. Minha casa é vazia, meus sonhos voam perto de lâmpadas e eu sei que logo eles vão acabar carbonizados, e amores? Bom,eles são como contos de fadas e papai Noel, meros inventos para a criança aqui acreditar que um dia vai ganhar um presente. Mas não,a única coisa que resta aqui são móveis ocupando espaço, sou eu atirando pedaços de mim na janela e lágrimas escorrendo como chuva. O por-do-sol é apenas algo bonito por alguns minutos para eu sorrir e logo depois vem a noite, a maldosa noite que vem sugar toda a minha energia.


Talvez eu mereça tudo isso, e seja destinado a terminar num mero caixão com ninguém presenciando esse inútil momento histórico. Suspiro mais uma vez, a comida está congelada, a tv antes utilizada para fantasiar que os estereótipos são obrigatórios hoje nem pega mais, e meu corpo está estirado num sofá mofado como se pedisse pra ser salvo. Desculpa cara, mas na situação que a gente está, nem os supostos anjos do seu círculo social vão nos salvar. A escuridão engole os espaços restantes, não há mais passos para seguir adiante.


Quando foi que eu resolvi que as coisas terminassem assim? Talvez no momento que eu deixei as pessoas entrarem na minha vida, no momento que eu sorri e fui legal e disse para elas que estava tudo bem bagunçar as coisas um pouco, e agora fiquei sozinho para arrumar o que eles fizeram. Sou um sobrevivente das minhas próprias lágrimas, calado permito-me criar dores para que os outros não as sintam. Que assim seja, que eu fique com as cicatrizes, eles, sem cortes, eu com as lágrimas, eles, com os sorrisos. Está tudo bem, não é?


Eu não sou real, eu apenas acompanho o mundo como um mero espectador, aceito as dores para que as pessoas vivam a vida delas como bem entenderem, eu, morro enquanto vivo para que eu me controle como um fantoche. Não tenho memórias, não tenho minhas habilidades, são tentativas fajutas da dor ir por aquela porta e nunca mais voltar,mas ela sempre volta, como um bumerangue, só que volta mais forte e eu fico aqui estirado num chão gelado e morto. Eu sempre termino com um coração na mão, partido, como se nada mais valesse a pena.


A razão há muito tempo disse adeus, talvez eu devesse ir atrás dela, afinal, estou sangrando sem parar, e a hemorragia é  mais do que próxima. Não é para tanto, vou superar, como se essa frase fosse tão incomum que parece novidade. Há muito tempo que eu estou assim, há muito tempo estou destruído por mãos maldosas. Aqui,ninguém ficou, ninguém veio. Aqui, um mero buraco negro que suga toda a sua esperança, toda a sua alma. Aqui, uma solidão maldita que talvez seja crônica, e o que resta sou eu, um resto de um garoto que não sabe aonde ir. Aqui, aqui, a entrada pra uma vida perturbada é por aqui.

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