sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Perder de Maneira Vitoriosa

 "Lá pode ter um novo amor pra eu viver
Quem sabe uma nova dor pra eu sentir"
(Fresno - Infinito)



Não é justo. Rompi qualquer contato perante meu sangue, parece que ele diz a verdade sobre mim, quando eu sou brinquedo feito de gesso, um resto de pó com um breve endurecimento pra fingir que é forte. E eu, passando altas noites em claro, estudando centenas de maneiras para encantar encantadoras de corações, atirei-me perante às luzes da cidade, que nada mais fizeram que sua obrigação, iluminar o chão feito de pedregulhos e fazer que eu não me sinta tão sozinho assim. Chuva, que nada mais é lágrimas de anjos que sentem pena deste mero humano que pegou os pedaços de coração que restavam e atirou na sua cama, que tem como sinônimo a palavra bagunça.


Realmente, não é justo ser justo, ser sempre e sempre imparcial, quando já está sendo parcial do lado da imparcialidade, enganar leitores e até você mesmo com palavras que você mesmo não sabe o sentido, e depois chorar sozinho numa noite fria e chuvosa de setembro. Sorrir olhando para o teto escuro, passando a noite toda atirando palavras na parede mais próxima esperando que este pesadelo chamado realidade desapareça, esperando que a insônia pegue suas roupas e vá embora, calculando quantas horas são necessárias para ter um bom sono se for dormir às quatro horas da madrugada.


Pudera eu retornar ao lugar que nunca tive oportunidade de conhecer, um amor utópico feito de poesias,chá e breguices. Que a casa ideal deste amor, fosse feita de papel, mas de papel não pode ser, pois passaria uma chuva e destruiria tudo. Então que a casa fosse feita de pedra, mas de pedra jamais poderá ser, pois passaria dois habitantes feitos de pedra, sem sentimentos, emoções ou razões. Que a casa ideal fosse feita de beijos, estes sim poderão ser, afinal chuva não os impede, e muito menos cortam emoções e razões. Estes sofrem, machucam, mas nunca saem do lugar.


Um jardim de flores desconhecidas, cantando canções de outras línguas (ou apenas tentando), e dois olhares sinceros prestes à se cegarem de tanto se olhar. A utopia, feita pra existir sendo à noite ou de dia, cancela qualquer rastro de solidão. A casa se infesta de ar quente, as dores começam a se expandir, as pedras que atirei na minha própria janela com a esperança que amenize tudo desapareceram, e agora o que eu supostamente deveria fazer, além de me esconder no meu guarda-roupa, chorar até que a dor arda até seu ápice e dissipe?


Sou uma bomba em divergência, esperando que alguém entenda a minha melodia, que alguém alcance o semitom que seguro, e que o meu muro que trabalhei por todo esses dezessete anos, que para esse alguém seja seu porto seguro. Os feixes de luz passam agora como se fossem minutos, e continuo a pensar que sou uma mente nada elegante. Retorno às péssimas lembranças, às falsas cobranças, às pessoas quais dei créditos quando tudo o que elas queriam eram roubar os meus méritos, o que realmente isso importa? Eu estou só, carente, perdido, iludido, precisando de algum lugar pra depositar todas essas tralhas, essas poesias,músicas,textos.


E eu nem sei como dizer o que eu sinto, sou um idiota tentando dizer o que eu não sei, tentando entender o que eu jamais entenderei, tentar dominar um mundo que sequer visitei. Será que completei meu álbum de figuras de meus problemas? Falta pouco pra eu ser o colecionador recordista. Eu obtive o melhor resultado no teste de idiota, tenho phd em ser fraco e sou doutor na arte de se ferrar mesmo sendo um cara legal. Ainda estou esperando no ponto de ônibus, aquela parada que ocorre só uma vez. Faça chuva ou faça sol, que seja, minhas lágrimas podem esperar o quanto quiser.


Muito bem, deixe que as notas se encaixem na voz, que eu passe desejando que o eu se torne nós, que minha se torne nosso, e que tudo que as lágrimas derramem hoje, que sejam sorrisos derramando em dobro. O mundo prometeu idiotices, sujeira, maldade, realidade, e até hoje respiro esse tóxico que jogam na minha cara. Entretanto, eu não prometo ceder, não sou um vencedor, pelo contrário, um grande perdedor. Entretanto, perderei vitorioso. Perderei com um olhar feito de esforço, de lágrimas, de suor frio e de solidão. Perderei, mas perderei comigo,castigando o meu castigo. Perderei, mas perderei de maneira mais excepcional. Perderei, mas perderei de maneira mais chamativa que o vencedor.

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