quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Garotinho e Sua História

 "Everyone knows I'm in
 Over my head
 Over my head" (The Fray - Over My Head[Cable Car])



Eu nunca soube como fazer pra capturar estrelas cadentes, talvez elas estejam ficando mais distantes e diferentes perante ao meu olhar. Não ria, falar não é a coisa mais fácil do mundo quando se respirar transforma-se em algo difícil. Talvez eu não devesse ser tão fácil de se quebrar, talvez eu devesse ser bruto como um diamante e deixar as coisas como eram antes, isolado, esquisito, distante. Mas não, tentei ser gentil, e acima de tudo, sincero com palavras que jamais foram minhas, e se tornando um tolo em acreditar tão facilmente em pessoas que dariam tudo para me apunhalar.


Já está quase na hora de dormir, deixar os problemas na cabeceira, esquecer que existe chuva depois da janela. Talvez eu ainda vá sentir falta de se crucificar desse jeito, me jogar no chão como se fosse um mero resto de lixo feito para apenas apodrecer e deixar um fedor como única esperança de se existir. Talvez as lágrimas atiradas do terceiro andar se tornem chuva para aqueles que nunca entenderão o meu conceito de se amar. Não falo as coisas para dizer que eu existo, não penso coisas para as pessoas verem o que estou passando, eu apenas faço por ser um idiota. É isso que sou, um idiota colocando em um texto o que vem na cabeça tentando desesperadamente curar sua dor.


Não estou dizendo que é a pior dor do mundo, por que não é. É aquela dor estúpida que uma criança de dezesseis faz o atordoar, não consegue mais observar a vida com clareza e a esperança vai escorrendo como água indo pelo ralo. E eu continuo aqui, fazendo com que as coisas me apaguem com palavras ácidas e sonhos destruídos por meros fantasmas. Quantas músicas foram necessárias para esse idiota escutar cada palavra e ainda assim, continuar enfim, como uma cinza? Quantos textos foram necessários para esse jovem dar um grito e ver se alguém o ouve? E o pior que não existe resposta.


E agora esse garoto está andando por essas ruas desertas, chorando como se essa fosse a última opção do mundo. Está perdendo pessoas, está perdendo lembranças, está escorrendo por seus dedos, como se não houvesse nada a fazer. E o pior é que se pensar direito, só se pode aguentar com tudo o que puder, já que não existe mais vidas a escolher, é isso e apenas isso. Ele grita, mas ninguém ouve, afinal, seu grito é com um sorriso. Ele luta contra solidão, mas ninguém assiste e torce, afinal, sua luta é através de uma tela de computador ou uma TV para se jogar videogame. Ele está assustado, como se estivesse encurralado.


E o que aconteceria se uma canção fosse feita? Se os acordes o encontrassem no meio dessas lágrimas idiotas que não sabem obedecer, se a música viesse o abraçar? Exatamente, nada. Assim como o encontraram, como se ele fosse um nada, e continuará sendo, como se as palavras fossem apenas sonhos vazios esperando ser utilizadas da maneira correta. Amor, se estiver escutando, por favor se for para ficar desse jeito, vá embora, deixo suas malas na porta da sala. Amor, palavra difícil para quem apenas só ouviu experiências de outros e canções. Amor, palavra difícil para mim.


Silêncio é a única coisa sangrando aqui, além de mim, e agora? Anjos, onde estão vocês, mesmo depois de eu ter dito para vocês irem embora, agora eu preciso de umas horas para desabafar. O rádio toca umas músicas para ver se eu consigo sobreviver com isso, maldades do mundo a parte, meu coração se parte, como uma rocha atirada de um precipício. Encontrei aquele garoto esses dias, dizem que ele está falando de amor mesmo quando nunca passou por nada parecido. É ridículo, o modo do jeito que ele fala, age, sangra, pensa, enfim, vive. Nada o alcançaria, nem mesmo as mais sinceras mãos.


Esperara muito tempo por um minuto de felicidade, encostado debaixo de uma árvore,fizesse chuva ou fizesse sol. Mas ninguém apareceu, esperara alguém para conversar, alguém para conviver, alguém para ficar sozinho por ele e por essa pessoa. Mas onde está essa maldita? Deve estar correndo em outros corredores, sabe se lá perdeu-se em seu cadarço, jamais saberemos, o que sabemos é o que ele está chorando, como se o seu jardim tivesse sido bagunçado por um bando de baderneiros. Seus sonhos preciosos, feitos como adubo, suas palavras sinceras, transformadas como mera areia, e seu coração, comida pra cães.


E ele grita, implora para não o deixarem assim, pede para que o ajudem a reformar esse jardim estúpido que ninguém liga. Mas não existe ninguém para o enxergar, o que só se vê é um bando de flores atiradas para todos os cantos e suas lágrimas. Ele culpa os anjos, mas todo mundo sabe que os anjos não tem culpa de nada. Ele culpa os deuses, mas todo mundo sabe que os deuses não tem nada a ver com isso. E por fim, sem mais delongas, sem mais voz, ele sussurra bem baixinho que isso é culpa das pessoas e do mundo cretino. Ah, mas isso...

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