quarta-feira, 12 de junho de 2013

Vou Respirar (De Vez Em Quando)

 "These wounds won't seem to heal
 This pain is just too real
 There's just too much that time cannot erase" (Evanescence - My Immortal)



Eu não me corto, talvez não tenha tamanha estupidez para chegar a este ponto. Entretanto, eu me destruo. Tomo posse de lágrimas que não são minhas, faço marcações em nuvens para que elas vão embora sozinhas. Me embaralho, como um baralho com falta de cartas. O barulho de vozes que se ascende com uma necessidade caótica, não é o melhor refúgio. Fico irritado, assustado, atirando velas pela janela para tentar apagar o nublado do céu de hoje.


As pessoas tem se tornado meu caos. São as tempestades que assolam o solo onde piso, são eles que recortam partes do meu coração que revitalizo, maltratando e  considerando fatos que seria mais legal esquecer. Faz falta ter o que falar, sem poder me condenar, e faz falta gritar, sem se arrepender ou qualquer ressentimento.


Para me libertar, afogo-me em oceanos vistosos, distintos e calorosos. Desenho na areia perto do mar, motivos para ter um novo engano. Não quero ouvir mais a voz de ninguém, quero apenas ir mais além, procurar no meu coração a parte do bem. Pois eu costurei por tanto tempo, essas tentativas falhas na minha pele, a imagem de um rapaz de paz. Talvez o estranho seja eu.


Cadernos rabiscados, facas por todos os lados. Preso nessa encruzilhada, para no fim não me levar à nada. Um labirinto brincando com um idiota, não consigo mais pensar em mais nenhuma rota. Um tempo procurei aprovação, procurei motivos para alguém ter preocupação para comigo. Hoje estou só, assim como o mundo, que vai de mal à pior.


Observe tantas constelações, e vejo quantas subdivisões. Parecem ser feitas de papel, caminhando em busca de um único céu. Talvez eu seja feito de papel. Se eu choro, eu me rasgo facilmente, se eu estou quente, eu queimo e ninguém pode me tocar. Se não acontece nada, só me deixam de lado, como um resto de picote de uma falha inútil. Vá embora, e não me leve no peito. Não preciso dessas coisas num dia tão imperfeito. Pode deixar, vou respirar de vez em quando.


Eu podia suspirar, mas não o faço, as lágrimas já permitiram o suficiente. Lembrando de tantas histórias e memórias penduradas num quadro, assim como eu, deixado de lado. Mostrei-me condolente, escutei tanta gente, e só agora vejo se são eles ou eu que está doente. Deixei meu sangue secar, como se fosse apenas um resto de terra, deixei meu mundo se quebrar, como se fosse algo que se espera, e por fim deixei as quimeras, da minha alma se alimentar.


Queria ter ido embora. Queria ter deixado minha vida pra trás, ignorar tudo o que aconteceu de errado, inventar em mim um novo lado. Mas não. Parei e hesitei, pensei em tudo o que eu construí até aqui. Pensei em vocês. Lembrei que apesar de tudo, querendo ou não, vocês estavam por aí. Droga. Dei dois passos para trás, e apaguei. Não lembro de ninguém passando, acordado ou dormindo, e também não lembro de ninguém tentando me ajudar, curando minhas feridas, ou qualquer coisa parecida.


Quando criança, eu costumava ser o capitão dos meus sentimentos, e o vasto mar era minha vida. Tanta coisa para explorar, tantas ilhas para desembarcar. Entretanto, a realidade me assassinou a sangue frio. Agora só restou o vazio de uma lágrima, o frio de uma canção triste e palavras pra ninguém se importar. Pode deixar, vou respirar aos prantos.

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