quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dia Dos Namorados

 "My insides all turn to ash so slow
And blew away I collapsed so cold
A black window took them from sight
And held the darkness over day that night" (Linkin Park - Valentine's Day)



Sinto falta de sentir falta. Sinto falta de lembrar de alguém por pelo menos 13 horas, ser um meloso escondido, para que ela não me ache grudento e chato. Talvez eu sinta falta sofrer, talvez meu problema seja ter a constante necessidade de ter alguém por perto, talvez ficar abraçado nunca foi tão importante como é agora. Eu continuo levantando da mesma maneira, com a mesma cara de sono de sempre, mesmo pensamento idiota de sempre, mesmas mãos ensanguentadas de um corpo doente, e as mesmas lágrimas escondidas por detrás de um olhar afundado num mundo cheio de incógnitas.


Um rosto bonito, um charme esquisito e promessas vazias de ficar aqui pra sempre é o que iludem por aí. É o que todo mundo faz, para ter lábios que precisam ter, para tocar corpos que suas mãos precisam se chocar, e continuam num ciclo, criando novas maneiras para enfeitiçar corpos desgastados por lágrimas, muitas vezes fingindo ser alguém que valoriza o amor, só para ter o sabor de se satisfazer daquele o qual acreditou. Minhas pílulas fazem um bom tempo que perderam a data de validade, elas geralmente me entorpeciam para esquecer essa verdade.


Uma vez, botei num papel palavras aleatórias que se escondiam naquela folha. Para quem as lia, não havia sentido, mas para mim, era como se estivesse criando um mundo em que eu pudesse me esconder. Pode não ter gente lendo meu blog, pode não ter alguém que me entenda, mas esse blog, cada palavra, é um mundo criado para que eu me refugie. Aqui eu posso dizer o que eu bem entender, sem que eu me arrependa depois. Aqui é onde eu posso chorar, enquanto coloco gargalhadas na conversa. Aqui é o que me interessa.


Fui feito de plástico. Um plástico resistente que faz com que o calor não penetre e me derreta, que faz que o frio não venha e me congele e as palavras vociferadas pelos outros entrem pelos meus ouvidos e sejam colocados tampas para que essas palavras grudem no meu cérebro. Sou só um palhaço brincando de ser o público, afinal, todo mundo do meu lado ri, e quem está no palco aponta para mim como se eu fosse a atração principal. Sinto falta de ter outra palhaça, pegar a mão dela e sair como um casal de palhaços brincando de ser feliz.


Vou inventar alguém e por como nome "Ela", e dedicar este post. Hey, tem estado um bom outono ultimamente, temperaturas loucas, lugar perfeito para problemas à solta, mas não, ela estava lá. Ela estava usando aquela roupa que adorava, seus olhos verdes tiravam toda a coloração das folhas das árvores, aqueles cabelos negros, que por mais sem graça que fossem, fizeram da paisagem mais doce. Ela sorriu e acenou, era hora de a encontrar, por mais tímido que eu pudesse estar.


A cidade estava em chamas, mas ela estava tão confortável quanto a isso que parecia estar de pijama, eu a abracei por uns segundos, mas que para mim duraram a eternidade. Aos olhares das bocas, não existia mais nada. Eram fogos de artifício sendo lançados das almas entrelaçadas, fazendo que estrelas dançassem como loucas no céu escuro. Ela ficara vermelha por um momento, aquilo foi engraçado, já que normalmente a vejo de maneira totalmente oposta.


Então, ela propõe dar umas voltas pela cidade, fazia frio e ainda assim, carros se moviam para lá e para cá. Eu estava realmente cansado de ver as mesmas ruas, entediantes e ver as mesmas pessoas naquela lanchonete tomando refrigerante. Mesmo assim, para a felicidade da companhia, aceitei. Dessa vez o passeio estava diferente dos outros que fiz sozinho. Naqueles breves passos de quinze minutos, parecia estar sendo importante para alguém, pela primeira vez. Toda vez que eu dizia algo, a atenção era voltada totalmente pra mim, sem zoações ou interrupções. Eu podia dizer o que eu quisesse, eu era ouvido.


Depois que falei tudo o que eu queria dizer, foi a vez dela. Nossa, não esperava que ela ia soltar o verbo! Escutei atentamente sobre as suas reclamações, e também coisas inúteis, de como qual cor ela ia passar nas unhas ou sobre a morte da tia da mãe da prima de seu pai. Eu só sorria, mas teve um momento que ela falou de um assunto que chamou minha atenção. Ela começou a falar da parte emocional, e da parte amorosa também. Estava ansioso, imaginava se meu nome seria citado nestas palavras, e se seria de maneira boa ou de maneira ruim.


Repentinamente, ela parou. Segurou minha mão, e disse que ia começar a falar sobre esse tema, mas apenas falara meu nome. Eu fiquei esperando algo mais, mas ficou um silêncio constrangedor. Ela, para quebrar o gelo, disse: "É isso que resume meu emocional e minhas coisas amorosas: Você." Eu,instintivamente, a beijei. Romântico, não? Assim passei o dia dos namorados, com ELA ao meu lado. Ela. Talvez a idealização tenha se tornado a minha única esperança. Daí, paro e penso, e me lembro do mundo real. Estou eu, deitado na cama, talvez com breves simulações de lágrimas, imaginando pessoas felizes com seu casal, imaginando que vou passar mais um ano lamentando o dia dos namorados.


Esquento um chá, preparo algo para comer. Repentinamente, começou a chover, e eu ainda estava pensando aonde essas coisas iriam me levar. Ao contrário de muitos, no dia dos namorados, quando faz frio eu uso uma jaqueta, e não ligo para alguém para pedir para me esquentar. Quando vou assistir um filme, não chamo para assistir junto comigo, baixo e assisto no meu computador. As compras que faço nesse dia são ingredientes para almoço e jantar, e não flores e chocolate. Quando tiro meu coração, é para jogar no chão e pisar, e não para deixar pra alguém cuidar. Dia dos namorados vai ser longo este ano.

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