Pra lugar nenhum
Bem longe deixei memórias que insistem em me incomodar" (Fake Number - O Último Trem)
Não mais me entendo. Tanto tempo correndo, e o mundo escorrendo nas minhas mãos. Jamais fora igual o jeito que vivi, depois que você passou por aqui. Claro, sempre bom viajar pra outras distâncias. Mas não é legal deixar lembranças por aí. Alguém pode as roubar. Alguém pode por numa caixa, dizer que é dela e que não vai mais devolver. Alguém pode até mesmo as copiar, e queimar as originais, fazendo com que tu fique desconcertada. O último trem passou, e com ele você viajou. E tu deixara as lembranças na mesa de casa. Esse alguém que as pegou, fora eu.
Confesso lembrar de você às vezes, gosto de pensar que a covarde dessa história fora você. Mas não,não venho aqui de novo para te culpar ou algo do tipo. Era uma história de amor entre um casal que tinha seus problemas,mas no final de tudo, eu não fiz parte dessa história. Não era minha. Eu fui só uma migalha que pensara que o pombo iria voltar, mas ele já estava com alguém a espera. Tá tudo bem, acredite em mim. Sou bem melhor sem você.
A chuva ainda deixa vestígios, dos dias que me fez correr até você. Parece que as gotas são como fossem suas fotografias. Ah, gosto de pensar que um dia alguém realmente vai saciar a vontade de fazer tudo por ela. Gosto de imaginar que as nuvens são a minha estrada, e que a minha anja possa estar a minha espera quando eu conseguir alcançar esta estrada.
Quem sabe um dia eu te encontre por aí, em pleno domingo, sei que você vem visitar seus parentes de vez em quando. Quem sabe eu vá te ignorar, te ofender com palavras ou simplesmente sorrir e ser amigável. Quem sabe como farei, só eu sei como me senti no dia em que tu me deixou. Eu chorei. Não é como se eu chorasse fácil, eu falei isso para você. Lembro de como fora aquela madrugada, fora escura, morta, talvez ter dormido foi só uma ilusão. Minha manhã foi horrível, nunca tinha me sentido tão indisposto, talvez eu nem acreditava que aquilo fora verdade.
Podia ter sido uma pegadinha. Mas não foi. Eu virei a minha tarde como se eu tivesse entorpecido. Eu não tinha noção do tempo ou pensamentos. Sim,eu estou te contando isso só agora por que só agora posso dizer que estou curado dessa doença chamada com seu nome. Você foi uma doença. Tomei remédio por esses meses, estão me fazendo ficar mais recuperado. Quer me ligar? Prometo não te tratar mal como da última vez. Serei gentil, mas um estranho para você.
É meio tarde pra dizer essas coisas, mas eu sempre soube. Sempre soube que você ia me jogar fora, ia me deixar, mas eu dizia para mim mesmo que isso era idiotice, que eu estava falando porcarias. Sinceramente? Prefiria ter escutado essa voz. Fui um idiota em deixar você me usar como um fantoche, que era só procurado quando ia reclamar de algo,alguém ou mais especificamente dele. Sim, dele. Você sabe quem é. Sim, talvez foi a coisa que eu mais odiei em você na época.
Eu até fiz uma música pra você. Eu sei que você ouviu, e não me importo. Eu até gostaria de trocar o nome dela, mas não tenho nenhuma ideia. Na canção, inventei uma garota que nunca foi você. Inventei um alguém que você nunca foi e talvez nunca seja. Eu fiz a minha amada imaginária, aquela dançou comigo e realmente não soltou minha mão.
Lembra? Tu me fez ir até aí ver você dançar, ver você com seus passos leves no palco. E apenas uma semana depois, você me disse adeus. Me senti o maior palhaço do mundo, e meu coração era o circo. Você fez de mim um espetáculo, que atualmente vem estado adormecido. Quem sabe um dia para alguém essas palavras façam sentido.
Você é apenas uma última bagagem que foi esquecida. O resto foi levado, está na mão do empregado. Esta última bagagem era saudade, mas agora eu estou a jogando debaixo dos vagões. Te destruirei, desta vez talvez para sempre. O espetáculo tem que continuar, e é raro demais para se perder em você. Se sobrar algo de você,contate qualquer um menos eu, por que eu, direi que desconheço a dona dessa bagagem.
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