quarta-feira, 13 de junho de 2012

Mais Uma De Centenas De Ataduras

"And all these demons, they keep me up all night
They keep me up all night" (Blink 182 - Up All Night)

Retirado do blog: Me Odeio 


Fazia um tempo que eu não ia pro colégio, por causa do resfriado. Confesso que esperava que me perguntassem como eu estava, se eu estava melhor, ou algo assim. Eu tinha esquecido que aquele inferno nunca iria ser exorcizado.


Não houve um "Por que faltou semana passada?", ou um pingo de preocupação. Apesar disso, comecei a me acostumar a me ver como um fantasma. Ah, é mesmo, ela começou a usar óculos. Como ela ficou bonita, pareceu uma doutora, sei lá.


Sei que haverá rumores da garota que lhe conto é "tal pessoa" ou outra, mas não me importa. Ao contrário de mim, pelo menos, o óculos ficara realmente perfeito nela.  É, e parece que realmente ela está feliz com a vida dela e o namorado que desconheço.


Não é como se eu, escrevendo esse texto, vá me libertar desse demônios, que me fazem ficar acordado a noite toda. Não é como se eu, escrevendo centenas de palavras pra contar o que sinto, vá mudar alguma porcaria.


Sempre consegui, de alguma maneira ou outra, ferrar todos os planos. Sempre consegui estragar, sempre consegui ser a consequência de tudo dar errado. Parece que isso não mudará tão cedo, certo? Por que apenas não consigo fazer nada certo, nada que ela possa enxergar.


Eu só sou o cara que senta na frente dela, nada demais. Ainda não consigo crer que sou só um resto de lembranças vagas da época que eu escrevia textos em anonimato. Pra falar a verdade, ando me sentindo cada vez mais um lixo.


Mesmo que ela tenha jogado no lixo, mesmo que ela já tenha esquecido tudo o que eu usei pra descrever, eu ainda estou aqui! Eu ainda a vejo todos os dias, e mais perto. Que coisa, por que é a primeira vez que me senti usado?


Não é como se fosse culpa dela. Ela não tem culpa de um burro como eu gostar de alguém tão rápido. Eu, que ousei abusar das palavras para conquistá-la, hoje em dia desrespeito o meu próprio corpo, meu próprio sangue e meus próprios conceitos.


Eu havia sentido de fato, que caminhei uns centímetros para mais perto, mas foram apenas isso. Alguns centímetros que não fizeram diferença alguma. Quer dizer, fizeram. Passei um ano inteiro sem olhar naquela linda face dela por medo de ela ter pena de mim. Eu tenho meu próprio orgulho.


Tinha. Não consigo mais me respeitar. Se eu me pudesse me ver do jeito que estou agora, um alguém que está perdendo tempo, que conta no relógio as horas que não voltam mais, eu juro, eu cuspiria em mim mesmo. Eu não consigo mais me ver como um alguém legal.


Através dos meus olhos, que já nem sei que cor são, está um garotinho assustado. Se alguém pudesse dizer pra esse cara que a vida ainda continua querendo ou não, eu agradeço. Não podem. Estão ocupadas demais pra me ouvir. Agora me senti como um cachorro uivando pra lua. Ela, pelo menos, não tem outro trabalho além de iluminar o céu a noite.


Não são palavras que me contentam. Sou egoísta sim, e ganancioso também. Não quero poucas palavras, quero que me mostre que existe alguém que eu possa respeitar também, de que adianta um sentimento vago de corações mais vagos ainda?


É, eu também sei que meus textos estão cada vez mais melancólicos. O que esperava? Contos sobre pôneis coloridos? Esse blog é apenas mais uma de centenas de ataduras que tento colocar nas minhas cicatrizes. Aqui é apenas o cemitério de todos meus dias felizes (nem sei se existiram), e a plantação dos meus dias tristes.

0 comentários:

.