sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sábado

"Now I am calling
Hoping you'll hear me
We all need somebody
To believe in something
And I won't fear this
When I am falling
We all need somebody
That can mend... These broken bones"
(Rev Theory - Broken Bones)





Quando eu começo a sangrar, é quando eu começo à pensar. Naqueles dias eternos, com sorrisos tão serenos, com abraços carinhosos. E a gente nem se importava, achava algo tão normal e diziam que éramos loucos.

E a gente não percebia que a cada minuto que se passava, era um minuto de passado que se partia pra um lugar tão vazio. A gente ia pra lá e pra cá, viajávamos como jovens, afinal, éramos. Caminhamos, corremos, cansamos, e nos apoiamos.

Os erros que se cometiam, sempre havia alguém pra corrigir ou consolar. Sempre havia os sorrisos, o olhar despreocupado das coisas, as nossas rezas abençoadas por Deus. Prometemos estar sempre unidos, não importasse a circunstância.

As mensagens de bom dia que a gente compartilhava, que se repassava até chegar à todos os celulares que viviam em nossos bolsos. Lutamos pela nossa liberdade, para destruir os cacos dos nossos pisos. E as palavras de consolo, eram as melhores que se podia ouvir.

Eu gritava "alguém me acuda", e logo já estava lá uma pessoa sorrindo "serve eu?". Eu podia sorrir e esquecer desta cerca do mundo, que começava a se estreitar.Daquelas noites que as nossas vozes desafinadas se afinavam juntas.

E as palavras ecoam na minha cabeça, meus textos não são como há 35 anos atrás. 35 anos atrás, o mundo morria e sorria ao mesmo tempo. 35 anos trás, meus dias eram escuros mas aquelas pessoas eram a luz no fim do túnel.

Queria ter chegado à tempo, e poder impedir aquelas pessoas de partir. Queria ter corrido, e ter alcançado aqueles passos que se iam devagar. Quando menos esperei, tudo se foi como o vento sozinho. E o fogo da lágrima começou a queimar meu rosto.

E eu, passava a olhar a janela vazia, sem sol, sem casas, sem rua, sem nada. Queria poder se enganchar naqueles braços, daquelas pessoas loucas e animadas, sem medo do escuro das 11 da noite. Eu voltava pra casa pensando em cada rosto, que se passou pelo menos uma fração de segundo, participou da minha vida.

Tinha vezes que parecia dar tudo errado, que o mundo iria explodir como o vazio do meu coração, até que tudo voltava ao começo, ao normal. Não criei esse blog vazio para desabafar as coisas que eu não consegui dizer durante o dia.

Apenas são gotas do cansaço que eu tenho deste mundo, de viver neste vazio silencioso. Todo mundo precisa de alguém pra ser feliz, e pra mim parece que dá tudo errado, nada atinge meu peito tanto quanto a dor de não ter ninguém pra ligar e dizer que a considero como minha vida.

Ah, eu sei que quando eu abrir meus olhos de manhã, vou mandar tudo à merda. Jogar fora minhas preocupações, destruir os erros do passado, por que amanhã é sábado. Finalmente, deixarei o ar que eu respiro morrer.

Se eu ligar pra algum amor do colegial, é pra dizer que eu gostei bastante dessa pessoa e que aprendi a crescer com essa paixão passageira. Eu amadureci e cresci, aprendi a não ser criança. Aprendi a transformar dores quebradas em gotas de amadurecimento.

Eu caminho enquanto parece que as pessoas caminham mais rápido que a luz. Às vezes tenho medo de me intoxicar com esse gás carbônico que as pessoas soltam pelas suas narinas. Não me leve a mal, mas não confio em você.

Não confio no mundo e nestas garotas lindas que conheço e que vejo na tevê. Não confio na mídia, nos astros, nas canções e nem nos versos que eu mesmo crio. Na verdade, não confio nem em mim mesmo. Pois nem na confiança eu confio.

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