sábado, 17 de setembro de 2011

Até Que Enfim

"And who is gonna save you
When I'm gone?
And who'll watch over you
When I'm gone?" (Alter Bridge - Watch Over You)



Lágrimas hei de cair, e os meus olhos azuis se tornam cinza como o céu. Meus dias começam a se machucar e se cortar como um sadomasoquista. Eu queria morar em uma casinha de madeira, com coisas simples numa praia, com meu violão e alguém pra acordar comigo.

Eu queria também que os amigos aparecessem de vez em quando, para podermos lembrar dos erros e dos pesadelos que passamos. Queria que minha família me ligasse todo fim de semana para perguntar como a gente estava e se precisávamos de alguma coisa.

Que se quebrasse as correntes que sempre ficaram neste chão, no mesmo e único chão. Que o silêncio da meia-noite acontecesse apenas lá fora, e dentro de casa eu pudesse ter um alguém pra assistir um filme e dar risadas.

E nada mudou ainda, e percebo o quanto vai demorar. Queria logo que meu coração parasse de bater, para que o amor dentro dele possa morrer. E os meus olhos não querem mais enxergar os tênis desamarrados pisarem no chão quente.

Quem dera minha vida fosse tão bela, tão linda quanto o sol cintilante às 5 da tarde de domingo. Eu queria me perder nos lagos de outono, enquanto você dorme em seu sofá pensando em nada. E eu hei de sempre tentar diminuir essa distância que me corta.

De novo o vento vem me cortar, e eu consigo apenas chorar. O céu já não quer mais me salvar, está cansado de eu desabafar. Uma arma e uma bala, e apenas uma decisão. As peças se encaixarão? As pessoas enfim irão perguntar aonde foi parar?

Todo o amor que sempre se guardara em meu peito, o meu sorriso desgastado e as minhas falhas memórias típicamente. Todo aquela alegria de estar com os amigos, a compaixão por erros que sempre os humanos fizeram, as poesias que dediquei para poucas garotas.

Eu tento criar uma nova estrela, a mais bela de todas, e cuidar para que ela não se quebre. Não consigo, não posso pois ela já existe e nunca poderei substituir um ser tão perfeito. E logo eu percebo o quanto eu devia merecer a minha vida.

Meus erros já se cansaram de errar, e eu estou cansado de enxergar todo dia a mesma coisa, os mesmos rostos e dores. E eu caminho num beco sem saída, e ninguém vai vir destruir a parede que está em minha frente.

Ninguém percebe o quanto eu estou triste, o quanto morro por dentro e me perco neste sentimento de agonia de dias vazios. Quem vai me notar? Quem pode vir me buscar nestes dias ensolarados congelantes? Ninguém.

Um dia eu hei de partir, pegar minhas coisas e fugir pra um lugar distante desses olhares mortos. Feridas sararão enquanto eu caminho, mágoas irão desaparecer enquanto eu olho a mesma rua. E eu irei sorrir, sem motivo nenhum, sem precisar me preocupar com as pessoas ao redor.

Viajarei sem destino, com as mesmas roupas e sapatos. As pessoas irão me perguntar de onde eu venho e eu irei responder que vim do Nada, pois até agora minha vida foi o nada. E eu passarei pelas pessoas, como um alguém qualquer, sorrindo.

Com a fuga, eu deixaria para trás todas as derrotas, todos os meus erros que se deixam levar na minha agonia. E eu posso lembrar que as lembranças boas podem acontecer em qualquer lugar, não precisa ser com os amigos, ou com a família.

Verei ricos,pobres,empresários,vendedor de sorvetes, comerciantes. E as lembranças se apagam, e eu crio novas com um lápis, caneta e tesoura. E eu paro por um momento, e penso o quanto as pessoas ficarão preocupadas comigo.

Volto atrás, deixo meus pés correrem em direção ao passado. Não posso fugir daqui, pois aqui eu sempre fiquei. Eu sempre cuidei de mim mesmo e dos outros, não importasse a merda que iria dar. Corro pedindo carona, pedindo ajuda.

E ninguém ajuda um pobre coitado, e eu sempre tentei ajudar a humanidade. Não perco as esperanças, e uso o resto do dinheiro que eu tinha para voltar pra casa. "Casa", um lugar onde meu passado resolveu passar o resto de seus dias.

Volto pro mesmo lugar de onde vim. Broncas e repressão dos pais, curiosidade dos amigos, preocupação de todo mundo. Eu faço um pequeno sorriso, feliz por estarem se preocupando comigo. Deixo a felicidade tomar conta de mim, vejo o quanto a chuva parou de queimar meu coração. Até que enfim.

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