quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Capítulo 1 - Uma Recepção Calorosa- O Escritor



Semelhante ao portal. SEMELHANTE.

Afonso andava inquieto pela manhã. Passara o dia todo ansioso, e estava chegando a hora de partir. Em todos os seus longos anos de conquistas e derrotas para seu povo, nunca as coisas estiveram tão adversas. Afonso já tinha passado por muita coisa. Afonso estava no final de seus quarenta anos, e tinha uma aparência bem jovial. Seu cabelo loiro arrepiado dizia que era irresponsável, mas sua barba dizia que tinha prudência. Ele já tinha vivido o suficiente para os olhos verdes que tinha ficarem cansados. Mas ele tinha esperança que essas lutas iriam acabar. Malditas circunstâncias. De alguma maneira, aquele falso profeta tomara a cidade de onde viviam, e os expulsara para este canto remoto do reino. Aqui, nesta mata fechada e perigosa, o que restou de seu povo sobrevive a base de carne dos poucos animais que vivem por perto e em cabanas improvisadas. Afonso ainda gosta de sua utopia, aquela de quando seu reino funcionava perfeitamente, a época de ouro onde todos tinham o que comer, aonde dormir e o que fazer. E o mais incrível de tudo era que não havia ninguém infeliz, pelo menos não que ele soubesse. Ele se condena todos os dias por não ter tomado atitudes como um rei. Mas ele ainda acredita tudo irá mudar. Começando por esta noite.

- Tem certeza que quer fazer isto, pai?

- Eu tenho que fazer, minha filha. Nosso povo não pode viver assim, se escondendo e fugindo a cada duas semanas. Acabaremos extintos.

Sabrina, sua filha mais velha veio ao seu encontro. Sabrina tinha seus 22 anos, porém tinha um olhar exigente e frio, aparentando mais velha do que era. Porém, nada tirava sua aparência jovial e linda. Sabrina tinha cabelos loiros e curtos, com uma franja tapando um pouco o olho direito. Seus olhos azuis claros estonteavam tantos homens pelo reino, mas ela não aparentou ter interesse. Ela vestia um vestido curto azul-escuro, singelo, porém provocante. Os sapatos e suas meias pretas deram um toque ainda mais estilo para ela.

- Mas pai, para quê ir buscar algum suposto profeta, neste suposto mundo paralelo que deve existir em alguma parte desse universo, para quê? Eu não consigo aceitar essa ideia ainda! - Sabrina gritava furiosa.

- Vai ficar tudo bem, minha filha. Seu pai irá voltar. Eu nunca vou abandonar vocês.

- Não faça que nem a mamãe! - algumas lágrimas escorrem dos olhos de Sabrina.

Afonso abraça sua filha, como um pai bem contente pela preocupação da filha. Sabrina corresponde, e eles ficam assim por um bom tempo. Porém, como nem todas as coisas são flores, um soldado aparece.

- Majestade, o portal está pronto. Porém, não poderá ficar lá por muito tempo, é só questão de segundos até o portal se fechar.

- Não preciso de muito tempo, eu só preciso buscar o nosso herói.

- Então, precisamos ir. Os nossos magos estão gastando todas as energias para manter aberto.

- Ok. Sabrina, enquanto eu estiver fora, cuide da Isabela.

- Não acho que aquela menina sem-graça precise de cuidados.

- Sabrina, não comece.

- Tá bom, vai logo.

E então, Afonso chega ao local. É um terreno desmatado e plano, com vários símbolos e desenhos no chão feitos com tinta branca. Ao redor deste círculo, há varios magos usando mantos negros e elevando as mãos para os céus, falando em linguagem antiga. E no centro há um portal em formato de espiral roxo, com um ponto central horripilante. "A sensação é horripilante, mas eu farei tudo para meu reino", pensa consigo.

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Parte do prólogo:
"E então, de lá sai um rapaz alto, com olhos avermelhados e cabelos loiros usando uma armadura vermelha-sangue com detalhes dourados, ofegante:

- Mestre, precisamos de você!

-Hã????

-Você mesmo, vamos logo!"
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E do lado de fora, Sabrina assiste aquele portal horripilante fazer barulhos e faíscas. Ela nunca iria admitir que está com medo, e quer que isso acabe logo. E de repente uma luz forte faz com que todos caiam por terra.

- PAI!!!

Sabrina entra em desespero por uns segundos, porém, apenas por uns segundos. Ela vai negar até a morte sobre isso. De repente, a visão de todos volta, apesar de estar meio embaçada. Todos ficam se perguntando, o que diabos está acontecendo. "Qual a lógica do rei, em ir buscar um profeta no outro universo, e trazer apenas dois moleques, e além disso um balofo?", pensaram unânimes. A cena era estranha até os últimos fios de cabelo de Sabrina, seu pai ofegante ajoelhado, um garoto loiro de ponta cabeça e virado de costas, e um gordinho cabeludo no chão, como se tivesse tropeçado em algo.

- Meu senhor, o que aconteceu?

- Eu o achei. - respira ofegante - 

- Sério? Um desses moleques é um profeta? Tá me zoando, pai? - Sabrina falara incrédula -

- Mais especificamente, este garoto aqui - aponta para o menino sobrepeso que ainda está no chão.

- Hã? - todos do povo olham incrédulo e falam em uníssono.

Depois de duas horas, Théo e Victor acordam dentro de uma cabana. Os dois meio sonolentos, viram para o lado, fazendo com que um encarasse o outro de frente.

- AHHHHHHH!!!!!!!! - um grito alto dos dois rapazes dentro da cabana.

Victor sai desesperado da cabana, seguindo por fim de Théo.

- Mas que droga é essa, Théo? Melhor, pára de ser bicha!

- Cala a boca! Como se a culpa fosse minha!

- Eu não lembro de nada depois de ter ido em sua casa, então a culpa é sua! Aposto que me drogou e depois fez coisas indecentes comigo! Seu viado!

- Tá retardado? Eu também tava dormindo, não sei se percebeu, seu doente mental!

- Mas... Mas... Cabana... Você... Mas que droga, Théo! Agora não sei o que aconteceu, o que me deixa mais bravo ainda! Mas tu continua afeminado!

- Ah, cala essa boca! 

- Senhores, queiram me desculpar por ter tomado essa atitude sem qualquer aviso - Afonso aparece segurando uma risada da discussão dos dois.

- Ah! Então foi você, seu pedófilo! Eu só tenho 17 anos, vou te processar e...

- Cala boca pela amor de Deus, Victor! - e Théo dá um soco na cabeça de Victor.

- Prazer em conhecê-lo, mestre. Eu me chamo Afonso, seu humilde servo. Precisamos de sua ajuda, ó grande profeta.

- Hein? Tá falando comigo? - Théo olha confuso e aponta para si mesmo.

- Eu te falei que você só perdeu tempo! 

Sabrina aparece em cena, assim como todo o restante do povo, que estava curiosa pelo tal profeta que veio em justa causa para a salvação do reino. Quando todos olharam dois jovens, que aparentavam não saber nada do que estava acontecendo, e não saber nem o que são profetas, todos ficaram desesperançosos e voltaram para suas respectivas atividades. Apenas Sabrina ficara lá, brava com seu pai, e atrás dela estava uma outra garota atrás.

- Mas que droga, Isabela, crie vergonha e sai detrás de mim!

- Não... Tenho vergonha! - dizia Isabela enquanto se escondia atrás de Sabrina.

- Vergonha do que? Esses feiosos toscos que deviam ter vergonha de aparecer na nossa frente.

- Ei! Eu tenho direitos como pessoa e eu posso usar! - Victor fala alto para Sabrina.

- Victor, você vai ser queimado vivo. Se acalme. - Théo fala calmo enquanto belisca o braço de Victor.

- Você realmente deve ter algum fetiche por melhor amigo. - fala enquanto fica emburrado com Théo.

- Hi hi...

E então a sombra detrás de Sabrina, aparece. Era Isabela, a filha mais nova de Afonso. Na visão dos rapazes, elas ganhavam de todas as garotas que conheceram (claro, o mais próximo de garotas que conheceram foi nos desenhos japoneses). Isabela tinha olhos claros também, iguais aos de Sabrina, porém tinha um cabelo longo e preto, aparentemente pintado recentemente. Usava uma franja no olho esquerdo, e usava um óculos meio quadrado, dando um toque intelectual, pode-se assim dizer.

- Peço desculpas pelos modos de minhas filhas. A de cabelo curto é a mais velha, a Sabrina. A de cabelos longos e pretos é minha mais nova, Isabela. Qual o nome de vocês?

- Eu me chamo Théo e este idiota aqui é Victor. Ele é meu melhor amigo.

- Mas então, eu vou lhe explicar a situação.

- Que situação? Mestre? Profetas? Que droga você tá dizendo?

- Você não sabe nada disso ainda? Não sabe nada?

- Não! Eu só sei que eu deveria estar em casa, comendo e escrevendo.

- Isso é mais difícil do que eu pensava. Então, seu avô não lhe explicou nada?

- Como você conhece meu avô?

- Claro, ele foi o primeiro profeta.

Continua...

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