"Come on
Make it easy, say I never mattered
Run it up the flagpole
We will teach you how to make boys next door
Out of assholes
(Ha Ha)" (Fall Out Boy - Young Volcanoes)
Estive querendo me lembrar de como eu era apaixonado. Era aquela sensação de ter um pedaço do mundo, ou pelo menos de algum. Eu queria de novo viajar às vezes, abraçar alguém, sentir que me sinto vivo. Minha imaginação se tornou algo que eu nunca quis que se tornasse, a coisa que mais me machuca. Meus recortes de jornais já nem servem pra embrulhar presentes, talvez fosse por que não recebo mais presentes. Maldita música que cantarola na minha cabeça incessantemente, lembrando dos tempos em que eu tinha alguém pra dedicar esse tipo de música. Ah, como eu odeio isso.
No entanto, meu peito infla e sabe que minhas ilusórias chances de encontrar alguém é praticamente nula. Talvez seja o mundo dizendo para mim que não é a minha hora, que eu tenho que me focar em outras coisas. Faz sentido, um alguém pra eu ficar meloso é a última coisa pra eu procurar. Tô cansado de querer e não conseguir, tô cansado de ver todo mundo com alguém. Talvez seja o melhor desistir disso, e me focar nas minhas coisas. Preciso me curar, preciso parar de sangrar um pouco, e preciso parar de preocupar as pessoas em minha volta. Elas não tem culpa de eu ser tão problemático e imbecil.
Tento incessantemente lutar pelas minhas coisas, pelos meus objetivos, e tentando viver meus sonhos de modo que isso não atrapalhe o que eu chamo de lar. Droga, mas eu esqueci que não tenho nada pra chamar de lar. Eu me lembro de um tempo atrás, na verdade faz algumas horas, mas, consigo analisar aquelas situações. Todas essas pedras eu carreguei nas minhas costas, todas aquelas coisas que vivi, todos aqueles romances mal-sucedidos que eu morri e renasci, todos não valeram de nada para minha alma. Pois nenhum deles conseguiu me curar de fato, eu continuei sendo o mesmo cara que eu era, continuei sendo o mesmo imbecil prepotente que se magoa fácil e gosta de se prender.
Percebo agora que eu era apenas um garotinho mimado se perguntando desesperadamente o que fazer, nota-se de passagem que eu era um garoto tentando convencer o mundo que o amor e a poesia existem, é só tentar. Mas ninguém quis tentar comigo. Fiquei só incontáveis vezes, me senti morto enquanto todos estavam sorrindo, me senti um caos em meio do nada. E quando eu dizia que eu ia mudar, era porque eu tentava todos os meus dias, eu cortava em vão todas as cortinas que se fechavam para mim. Eu estava desesperado, e de novo, ninguém quis cortar comigo. E assim a primeira parte da peça se acaba, um garoto morre, por ninguém perceber suas lágrimas.
Na parte dois, o garoto se arrasta perante aos céus, pedindo uma nova chance, uma nova vida. Ele não sabe o que se espera, mas está com o peito aberto para toda e qualquer coisa. Ele de novo encontra seus dias coloridos, de repente, havia um sentido em ter se machucado tanto para ver o paraíso. Ele não se importava mais com os cortes que apareciam todo dia em seu peito, existia anjos para o abraçar. Ele tinha encontrado seu lugar. Mas como os céus adoram brincar dessas coisas, uma avalanche percorrera seu lugar de paz, e destruíra tudo, tudo se tornou um grande caos. Suas memórias, suas palavras, suas piadas, tudo foi atirado no lixo. Ele sorriu chorando, e padeceu pela segunda vez.
E agora, todo mundo olha para o pobre rapaz, questionando "o que aconteceu?". Morto no chão, de repente, seus dedos começam a se mover. Seu rosto todo cheio de sujeira e feridas inflamadas, parece balançar. Seus olhos abrem, aqueles olhos verdes que algum dia se orgulhou de ter herdado de sua família. Os punhos fecham, as pernas meio-bambas fazem seu corpo ficar de pé. Ele de novo, está de pé. Melhor que zumbi, está um caos, sujo, machucado, e realmente muito furioso. Ele grita dessa vez, não mais implorar por chances, não mais pedir ajuda, não mais anjos mentirosos. É guerra, agora contra todos os céus que um dia ele quis para si. Chega. Ele ressuscitou, como uma fênix. Mas ao contrário de fênix, ele não vai voar. Ao contrário, ele vai matar todos que tiverem asas.
"Era o que vocês queriam? Queriam me deixar em eterna fúria? Queriam me fazer chorar? Pois bem, vocês conseguiram! Não quero mais anjos, não quero mais me sentir feliz. Quero mais é que queimem no inferno todos os desejos! Agora serei apenas um matador de anjos", vociferava o pobre homem. Ele está cansado, ferido e chorando. Como vocês tem coragem de machucar tanto? Como vocês poderiam ter a capacidade de maltratar alguém que sempre fez de tudo para as proteger? O pobre rapaz não entende. E não vai mais tentar entender também. Chega, será assim de agora em diante, um andarilho com pressa, sem lugar pra chegar. Vocês conseguiram mesmo, conseguiram me deixar morto por completo. Agora será apenas eu, meus objetivos, e só. Não mais pensar em romances, não mais pensar em amor.
Em seus passos castigados há várias lágrimas caindo no chão como se fossem chuva. Ele só queria estar sossegado, ele só queria soltar sua natureza romântica. Ele só queria ser alguém pra alguém. Elas conseguiram, todas elas, todas, todas, todas, fazerem ele chorar sem parar. O sangue não interessa mais, não importa quantos litros escorram. O que mais machuca em seu peito são as adagas de palavras, são as frases que ele ouviu. Elas mataram um guardião, para ver se ele não aparecia mais. Realmente, não será mais assim. Ele renasceu, mas não vai aparecer. Ele vai ser sombra, pó e fúria. Quando alguma delas vir ao seu encontro, será morta sem hesitação. Ele não se importa mais com os sentimentos falsos delas. Ele não se importa como elas se sentem mais. Seu ego inflou tanto que explodiu numa chuva de dor. Sua adaga de frase pronta está preparada para ser fincada no peito de uma anja. Pois anjos não andam, voam, e se eles estão na terra, é para matar humanos. Que assim seja, vocês conseguiram. Agora sem poesia, agora sem metáforas. Elas conseguiram, realmente, conseguiram. Mataram um poeta romântico. Ressurgiu um melancólico frio, morto. Parabéns.
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