sábado, 23 de agosto de 2014

Catador De Lixo

"E com um triste brilho no olhar
Me dizem: Espero que possa voltar 
E vivendo eu vou
Sacrifico os meus dias pelos teus" (Rosa De Saron - Entre Aspas)




Olá Deus, peço desculpas por não ter orado ultimamente, seja por variados contra-tempos, nem hobbys tenho tido ultimamente. Só queria lhe contar que sou um fracasso. Minhas notas só tem afundado, a única pessoa que me fazia sorrir sinceramente tirou férias e bom, para eu escrever num blog, não sou uma das pessoas mais trabalhadoras. Ah, aquele veneno realmente parece muito mais provocante agora. Minha cama tem parecido bem mais pesada e acorrentada no chão do meu quarto. Recorto minhas palavras como se realmente valessem para alguma coisa.


Acho que nem meus pais poderiam me animar esta hora. Foi linda sua atuação na vida, mas sua atenção não foi reconhecido como algo mais que um trágico fracasso. Tenho estado numa linha tênue entre o suicídio e a bela canção da morte. Ah, nem pra me esforçar sou algo que possa ser exemplar. Como eu poderia julgar as pessoas sendo que no meu mundo eu sou um gigantesco idiota com meras ferrugens na minha pele? Alguém me mostra aonde eu amarrei meus cadarços? Eu meio que os perdi, e meus tênis se soltaram e agora estou apenas de meias pisando nas pedras e me ferindo.


Ah, eu não sei como, mas quando eu vi, ela tinha se tornado tão grande quanto este céu gigantesco, e aqueles olhos resguardavam todas as minhas lamúrias e meus medos. Até aquela minha doce doença cretina que eu odeio conviver, parecia bem menos difícil conviver com aquele calor, com aquele céu limpo de janeiro. Mas, como todo céu, sempre tem dias de chuva. E, geralmente, eu sempre esquecia do meu guarda-chuva. Mas, não tinha problema eu lavar minhas roupas molhadas de vez em quando. Agora, chegou o inverno e o frio, e eu precisava muito daquele calor e daquele céu azul, mas não seria justo eu pedir pro calor voltar.


O que me resta é minhas mãos machucadas e raladas, encaixadas perante à meu grande desânimo de caminhar todo dia e ter que lidar com meus escrupulosos fantasmas que voltam e vão para cantar aquele mesmo poema antigo de tempos das trevas: "Preso perante as correntes, não existe teu ar, não andas de frente, sabe que não pode voar." Desmaterializo minhas vontades para o bem maior das outras pessoas. Amarre minhas portas de emergência, terá vezes da qual eu não consigo me controlar e posso pensar em mim mesmo.


Me aprisiono no meu travesseiro e me pego a pensar: "Qual o sentido de tudo isso?". Digo, pra quê todo esse esforço em ser feliz, em ter família e emprego estável, sendo que vamos parar todos debaixo da terra? Ah, essa melancolia costura todo e qualquer sinal de pensamentos diferentes. Tenho carbonizado os papéis da minha casa. O porteiro hoje é o costureiro, o costureiro é o gerente e eu? Sou um tijolo colocado de lado, sou aquele pedaço que sobrou e sempre vai ser quebrado ao meio pra ver se existe ainda uma possibilidade dele ter algum espaço.


E meu espaço se torna apenas este cubículo que chama coração. Cara, tá super escuro aqui e tá parecendo um lixão. As pessoas realmente não sabem jogar suas coisas no lixo e jogam no chão, e aparentemente este idiota aqui anda catando tudo e aceitando tudo, de maneira consciente, para que tudo se encaixe. Ele é um montador de vidas alheias, cuida das feridas dos outros. Será que ele não percebe que sua alma está na U.T.I? Esse cara é um idiota. E eu, sou apenas a parte racional, e infelizmente, ele nunca me escuta. Acho que ele não escuta ninguém. Também, quem vai ouvi-lo para ele aprender que se pode ouvir também?

0 comentários:

.