quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Estou Bem

"Do you care if I don't know what to say
Will you sleep tonight
Will you think of me
Will I shake this off
Pretend its all okay
That there's someone out there who feels just like me
There is"         (Box Car Racer - There Is)



Caneta e papel na mão, colecionando estrelas no teto do meu quarto. Ainda não consigo acreditar que minhas poesias conseguiram me segurar até hoje, até esse nono céu, e me acabo distante de uma cidade que talvez eu nunca tenha me sentido completamente a vontade. Gente que agradeço de ter encontrado, e palavras que eu uso como pingente e carrego pra todos os lugares, tudo isso eu sei que faz parte de mim, de alguma forma besta que eu não ousaria descrever.


Mas aqui estou eu, me examinando em uma alta frequência sonora, esperando que os gritos não sejam ouvidos. Adoço meu chá, coloco minhas coisas em algum canto qualquer, eu não consigo ainda caminhar direito, mas é o jeito, não é? Eu estou enlouquecendo. Minhas palavras não alcançam, minhas atitudes descansam, e está entalado na minha garganta broncas para mim mesmo. Mal consigo brigar com os outros, que dirá comigo. Meus textos têm encurtado, meus sonhos tem ficado menos distantes, e talvez eu saiba como seguir adiante.


Eu olho pra janela, procuro uma brecha pra me jogar de lá. Meus pensamentos estão se matando, e isso não é nada bom. Cravo-me no sofá, com a esperança de que eu me tranquilize. Não vai, meu sangue escorre por minhas veias loucamente como se eu fosse algum tipo de psicopata. Eu realmente não sei direito como se faz isso, as pílulas tem se maquiado muito bem ultimamente, se tornaram muito lindas. Eu pareço um jovem realmente perturbado né? Estas palavras nada mais são que tranquilizantes, exatamente o oposto do que eu disse antes sobre pílulas.


Eu me sinto entorpecido, sinto como se eu fosse uma bomba-relógio prestes a explodir, sinto como se eu soubesse que daqui a pouco vou machucar alguém. Eu poderia ter segurado mais, eu poderia ter cravado minhas unhas em algum tipo de tecido para que eu não caia, mas é inevitável. Ninguém pode ser feliz o tempo todo, assim como ninguém consegue fazer textos pretenciosos o tempo todo. E agora, eu cai, e logo agora, não vejo ninguém por perto. Me sinto só. Sabia?


E pela última vez não quero ouvir "você vai achar alguém" ou "espere". Feche a porta um pouco e tente me entender, dizia uma canção, e agora repito essa frase desde então. Não é muito simples esperar o tempo todo, ser o senhor que espera todo dia um trem que traz sua amada. Esperar dói, esperar cansa, esperar mata. Não sou um rapaz memorável, sou aquele soldado que morre em guerra que ninguém faz um discurso de pelo menos um minuto. Sou faca enferrujada.


Meus dias estão contados, eu sei, eu sei, cidade nova, vida nova. Mas o que eu sei que a aflição não passa, a melancolia é chata, e a solidão é mais que dolorosa. Sou um trouxa. Na próxima vez que eu vier, virei carregando aquelas porcarias de fotografias, ah, lembranças que são meio idiotas agora, cartas que eu guardei por meras bobagens. Vou colocar isso numa fogueira próxima. Ah, eu podia jurar que eu sabia exatamente o que fazer sobre isso. Está tudo bem, está tudo bem.


E apesar de todo esse drama e dor, apesar dessa solidão que eu sou obrigado a suportar, eu caminho. Caminho como um louco enigmático, caminho como um fraco simpático. Eu deixo minhas condolências pros que ficam, deixo minha paciência aos que mais necessitam (eu sei que vocês precisam mais do que eu). Suspiro profundamente, talvez eu pensa de uma maneira diferente do que antes. Envenenei o veneno que esteve aqui dentro, engolindo minhas veias e as cicatrizes, que queimem, até me acostumei pra falar a verdade. Estou bem, estou bem, o suficiente pra dizer que estou bem.

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