quarta-feira, 24 de julho de 2013

Mais Um Furacão

"I know how you feel inside
 I've been there before
 Something changing inside you
 And don't you know" (Guns'N'Roses - Don't Cry)



Posso até escrever idiotices em redes sociais, posso mesmo sorrir e falar merda sem pensar, fazer pessoas rirem apenas com o meu olhar, mas através deste olhar, existe um desesperado querendo dizer que mal consegue respirar. Pode ser meio-dia ou meia-noite, não importa pra uma pessoa que se sente abandonada e morta. A casa tem estado mais vazia nesse horário, onde todos vão dormir e me deixam encarregado de encenar uma cena onde não tem mais aonde cortar. Faltam cadarços no meu tênis, faltam móveis no meu quarto, tem estado uma bagunça por aqui. Conte-me o que aconteceu de novo, talvez eu te conserte e do meu coração saia um concerto.


Tenho pensado em passar um dia todo escondido numa cama, talvez lá seja um refúgio perfeito pra ficar. Perdido em sonhos, só penso em escutar uma velha canção que pode não fazer sentido para ninguém, mas para mim era o que eu procurava enfim. Dos meus picotes, fizeram algumas letras de músicas aleatórias que só eu devo conhecer. Eu lembro quando tentava caçar borboletas debaixo d'água, era melhor quando não precisava voltar pra avisar que eu iria fazer isso e avisar que eu estava morrendo. Sinto-me como uma estrela do lado do Sol, sendo queimada e pouco a pouco caindo.


Falta pouco para desabar, atenção, existe alguém para me salvar? Acho que não. Farei de memórias póstumas, um resto de adubo para me cobrir. Isso é triste, isso é frio, e quem me dera fosse o estômago vazio. Onde estão aqueles que prometeram me dar a mão? Onde estão as canções compostas em prol à minha cura? Se tornaram piadas da minha voz. Não é nem dezembro, e já estou morto de novo. Considerando que meus sonhos se tornaram meus companheiros de quarto, já que nem saio de lá mesmo, é meio que bom não sair de casa. Lá fora não tem nada, nem mesmo felicidade, nem mesmo verdade, nem mesmo vontade.


Alguém me dê uma vacina contra essa doença chamada sociedade, não quero participar dessa festa sem grandes novidades. Quanto tempo em vão eu gastei em vão fazendo costuras idiotas para enganar trouxas, para ser sincero com honestos e para ser desconfiado com os canalhas. É uma pena que confundi tudo, e agora está aonde o meu mundo? Me disseram pra não chorar, quando chove, dizem que atrapalha a beleza da chuva e me disseram pra não sorrir quando há sol, dizem que atrapalha a grande luz daquela estrela. Então o que eu supostamente deveria fazer?


Meus dedos estão congelando, brincando de ser água nesse frio. E eu aqui, deixando a janela aberta, esperando que alguma ladra venha e pelo menos me visite uma vez por ano, já que este está acabando e realmente ninguém veio até agora. Posso até tentar me enganar com palavras enganosas, falar que estou bem com tudo isso, sentar e esperar o tempo passar. Mas não, sou um idiota honesto, e tudo o que eu peço é um lugar pra passar a noite, já que muitos gostam da chuva e acharam um guarda-chuva,apesar de tudo. E eu desse jeito,vou ficar gripado.


Tenho estado magoado com a mágoa, ela tem sido errada por muito tempo, e ela que me direcionava. E eu, que precisava apenas de um lugar pra ficar, fui rejeitado por essa idiota. Passei cola nos meus lábios desde então, não tenho mais nada a comentar. Chega de morrer, chega de caminhar nessa idiotice, chega de se afundar nessa imundice de terra, morrerei sozinho, sangrando, com frio e com lágrimas apunhaladas no meu rosto. Desculpas póstumas não farão efeito, espero que tenham aprendido direito. E se eu fosse embora, sentiriam minha falta? Essa pergunta tem me acompanhado desde que minhas marcas nasceram.


Deixei tudo ir embora, mesmo que por algumas horas, fingir não ser um cão egoísta. É uma pena que quando eu chamei, ninguém veio me chamar, me procurar e sorrir. E eu fiquei aqui, contando as horas nos dedos, esperando uma companhia nesse banco, nem que fosse só pra ficar se olhando. E eu paro e reflito, canto com a garganta prestes a explodir. Mas eu não fiz nada, droga! Eu nunca movi um dedo para bagunçar as coisas, nunca quis que as coisas fossem complicadas pra mim, então porque que quando eu olho vejo tudo entrando num furacão e me atirando pra longe?


Encolho-me no canto do quarto, tenho medo do que posso encontrar depois da porta. Mas isso realmente não importa,não é? Queria ser a razão da existência para alguém, queria ser o motivo de alguma pessoa legal, mas nada. Sou apenas um saco de pancadas humano, que mal consegue sair andando sem tropeçar, que chora só por existir. Quero mais é ir dormir, abandonar todo esse bando de estúpidos, falhar em viver, fechar os olhos e esquecer que existo só pra chorar. Quero mais é esquecer que tem estado difícil encontrar um lugar.


Todo esse tempo, tive o mesmo objetivo, caminhei com as mãos fechadas carregando-o. Mas eu nunca consegui nada, nem mesmo migalhas, mesmo que eu cantasse num dia de sol, nada de alguém aparecer e vir me escutar. Sinto-me só, e tem ficado pior. Não há mais motivos para eu me encontrar, já que ele vai dizer só idiotices que ninguém se importa, vai falar de coisas bregas que ninguém mais quer ouvir. Eu só quero sorrir, e tem ficado mais idiota mentir para mim mesmo. Quero ir embora daqui, quero parar de guardar carinho que ninguém quer. Quero sair daqui.

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