terça-feira, 23 de abril de 2013

Elegia para Final de Abril

 "Minhas verdades ninguém vai mudar
Nem apagar o que foi feito aqui
Hoje eu sou o que restou da dor"
(Hevo84 - Passos Escuros)



Viajo entre espaços siderais
Presos nos meus cadarços normais
Se estou mais diferente,
É pelo incansante desejo de seguir em frente

Já vi tudo desmoronar na minha cabeça
Aqueles castelos derrubados, como se fossem uma peça
De teatro, onde o errado é o certo
E o que é correto se esqueceu o que é perto

Montanhas pintadas de lápis marrom-escuro
As lágrimas pintadas de transparente, já inseguro
Estou do quanto estou me perdendo em sonhos
Eles me machucaram, guardaram coisas como falsos ganhos

Já basta, já chega
Pare de sorrir quando é para chorar
Vida escassa, já cega
Meus olhos com sua realidade de matar

Pouco a pouco
Vou consertando meu concerto
Soldo o parafuso solto
Chega de deixar o peito em aberto

Já chega de canções de amor de noite
Elas voaram para bem longe
Agora sou só eu, violão e solidão
Formando o trio perfeito para alguma canção

Irônico é eu falar para parar com as canções
E fazer o tema para mil violões
Sabe, acho que ainda tem um pouco de mim por aqui
Talvez até eu consiga ver de camarote eu mesmo sorrir

Ainda existe um eu romântico, por mais que não pareça
Só que ele está um pouco entorpecido, e perdeu o domínio da cabeça
 E para não ficar vazia, ocupei o seu lugar
O eu frio, vazio, morto, louco e até um alguém difícil de se achar

Num lugar como aqui
Que é difícil sobreviver
Cantigas para parar de rir
Já é fácil de se escrever

Não quero mais encontrar o que me faz mal
Não quero mais escutar o que pra mim é anormal
Já não faço mais as coisas que eu não quero fazer
Só para agradar alguém que eu sei que não vai me entender

Eu não pertenço à mais nenhum lugar
Nem ao romance,nem à lágrima, nem às promessas
Sou só um resto de poeira que costuma viajar
Pela solidão, pelos amigos e pelas festas

Vamos fazer um brinde
Ao mundo que eu extingui
E que lá mesmo reside
O que eu tinha guardado para ti

Pode até parecer que falo de alguém especial
Pois pareça, mas no meio do coração já está tudo normal
Bate normal, respiro corretamente, não faço essa loucura de me apaixonar
Não já,não agora,não esta hora, sou jovem demais para passar por isso

Céu azul, venha brincar comigo, de ver formas de nuvens na sua pele
Logo ao sul, mora um ser esquisito, vê mil romances na vida que segue
Ele me ensinara tudo que aprendera por todos esses longos anos
E eu calado e mudo, maravilhado fiquei com o mundo que há debaixo dos panos

Que cobriam meus olhos azuis-esverdeados
Encontrei a simetria perfeita de mim mesmo
O carinhoso e o frio, o médico e o louco, o alegre e o calado
No quarto escuro tudo ficara aceso

Acendendo um isqueiro para iluminar o meu castelo de papel
Que pena, sem querer queimei as paredes e agora estou com frio
A chuva louca e traiçoeira com o vento cai do céu
Mesmo assim, eu ainda rio,por incrivel que pareça,de vez em quando, eu rio

 Bom,último verso, última estrofe
Para a poesia, isso é morte
Bom,vou indo aos prantos
Pelo menos,por enquanto.

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