quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Se Você For Embora

"E talvez você estranhe ao me ouvir
Não costumo me comunicar assim
Mas preste atenção quando a chuva cair
Você vai me ver" (Fresno - Stonehenge)



Você apareceu de repente, sem avisar. Eu me assustei no começo e fiquei me perguntando quem era aquela pessoa que começou a conversar comigo do nada. Você me contou que fez parte da minha infância, sim, aquela que eu nem me lembro mais.


Falou de todos os seus problemas, sobre sua afetividade e sua falta de companhia no meio da noite. Eu, prontamente sugeri que eu ficaria como sua companhia, que eu poderia ficar a madrugada inteira se você quisesse.


Assim, foi-se o tempo. Amores falsos à parte, viajamos pra tantos lugares só por conversarmos uma meia hora. Pode perguntar pra quem quiser, eu estava mesmo muito feliz. Eu esqueci como era me machucar em espinhos, como era dormir solitário todo santo dia.


É, eu sempre fui ao estilo clichê, fazer canções de amor e ir com um buquê de flores na mão. Quando eu te vi, confesso, me impressionei. Quem era aquela guria com camiseta branca, e um cachecol (oi?) preto enrolado no pescoço?


Nem acreditei que era você. No instante que vi seu rosto, vieram flashes rápidos da minha infância. Não lembro muito deles, só sei que você cresceu. Não era mais a guria que eu batia e machucava todo o tempo antigamente (segundo você eu fazia isso). Mas mesmo assim, eu te machucava a medida que o tempo passava.


Por que eu fazia isso? Por eu ser um enrolão. Um mané que não sabe o que fazer quando seu coração está em cacos e quando vem alguém pra recuperá-lo fica com medo de entregar. Cantei canções nesse frio, e sua companhia era o que mais me esquentava.


Seu sorriso refletia sua felicidade, seu cheiro lembrava as flores do campo. Aquele dia não deveria ter acabado nunca. Mas eu vi você pegando as malas e dizendo que tinha que ir, afinal, você não mora nessa cidade chata.


Me partia o coração toda vez que tu dizia que acabou de chorar, que estava triste ou estava cansada de esperar. Me doía a alma, e quando hoje eu acordei decidido em dizer minha decisão, você vem e me diz que vai desistir de tudo.


Meu sorriso forçado, olhos inchados, vontade de chorar. Ainda não consigo acreditar, por que diabos eu fui tão estúpido? E as coisas que eu queria fazer, foram quebradas como vidro, ou não foram? Você não sabe como é ficar solitário de novo. Eu deve ter entendido errado, mas enfim.


As canções só ficaram mais bonitas quando foram feitas pra destinatária certa, meus poemas e textos ficaram mais com sentido com seu nome neles, e meu coração só ficou mais lindo com você por perto. Eu fui alguém melhor com você por perto.


Não estou dizendo o que vou dizer por você estar desistindo de tudo, ou por estar cansada demais pra esperar, ou por pura piedade ou misericórdia de você. Não vou dizer o que eu estava tentando esconder, não vou lhe contar o por que de eu estar chorando agora.


Dos meus olhos querem chorar, mas eu engulo o choro. Engoli todas as pessoas comentando dos nossos lábios, engoli todos nos olhando e dizendo que nada iria dar certo, mas pra quê? Eu não fiz isso só por te querer como minha ficante, puta que pariu!


Eu tinha até me esquecido de te dizer, que ontem eu passei a noite pensando em você. Seu sorriso se guardou em mim, seu abraço me lembrava um campo. Você falando do namorado, e eu aqui escrevendo este texto doando meu coração,minha alma e toda as minhas cicatrizes. Você quer saber mesmo? Não a amo por estar por perto, mas sim por você se instalar no minha mente e não sair mais, por você entrar no meu coração e eu nunca querer aceitar por medo de amar de tanta coisa que eu passei. Quer saber mesmo?


Desculpe te decepcionar de novo flor, mas você conquistou o coração deste idiota. Não sei se vale, não sei se presta, mas é tudo o que me resta. Minhas mãos tremem, meu coração bate forte, minha alma clama teu nome, e eu não quero estragar tua vida de novo. Se você for embora, não se esqueça de levar o martelo, não quero quebrar meu coração e moê-lo de vez.

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