"Sou um rascunho
Pelo jeito a mão tremia
Pelo jeito pretendia
Passar a limpo outro dia" (Esteban e 1berto Gessinger - iTchau Radar!)
Não, com certeza não nasci pra ser alguém famoso. Também não nasci pra ser um bom exemplo, um alguém que se possa guiar algum rebanho ou alguma coisa. Eu sou apenas um alguém com um olhar diferente camuflado no meio da multidão, camuflado com um olhar distante.
Não faz mal ser um irrelevante, prefiro caminhar ás escuras. Não precisa ficar preocupado com os céus que podem cair à qualquer momento, que meteoros podem cair nas nossas cabeças ou perderemos nosso ar qualquer momento.
Eu sou a bola de papel no meio de tantas no lixo. Sou aquela poesia falha que ninguém nunca quis ler, versos perdidos procurando um sentido pra existir. Os versos começam a se escrever sozinhos, falando sobre o bêbado solitário ou um sorriso de um otário.
Deixa pro amanhã massagear minhas costas doloridas, que estão cansadas de carregar pesos inúteis. Minha vida é como de tantas outras por aí, hoje em dia, cheio delas espalhadas em cada esquina. Minha vida, que já foi doce, hoje está tão longe de ser uma obra-prima.
Eu passei meu carnaval olhando um mar qualquer, como tantos outros por aí. Casas iguais a tantas, de tantos modelos, formatos ou tetos. Meu carnaval fora tão chato e inútil como tantos outros, irrelevante como tantos milhões de pessoas.
Minha vida, tão vadia, nunca ousou querer aparecer em uma obra de arte. Minha vida, vadia como tantas outras, nunca quis escrever num papel seu destino. Pegou o lápis e jogou no chão, minha vida, tão vadia, nunca quis saber o que sentia.
Recompensa aquele que me disser o meu destino,me disser que o meu tempo ainda não teve sua vez nos palcos da vida. Que hei de chegar o dia em que o meu tempo dançará nas cabeças das irrelevâncias, e que os horários que vem e vão um dia darão tempo para mim.
Vou continuar fazer o que eu faço, a mesma coisa de sempre e nunca conseguir mudar. Quem vai dizer que eu deveria mudar meu modo de pensar, que eu deveria parar de escrever ou parar de compor só pra parecer normal?
Quem vai ser o louco que vai me dizer que eu sou um papel útil nesse teatro da vida? Quem vai ser aquele que vai me contar o final do livro da vida e ainda me forçar a ler o resto dela? Ninguém. Minhas palavras podem se resumir a um torpedo de celular ou um pedaço de papel meio rasgado depressa.
Como eu já dizia, minha vida, tão vadia, nunca quis me contar como seria viver, eternamente, correndo sem parar. Como eu já dizia, eu nunca quis ser alguém importante, parece bem mais legal ver a vida como um alguém irrelevante.
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