domingo, 4 de setembro de 2011

Lágrimas Invisíveis

"Mas você vai se olhar no espelho
Quando for chegada a hora
Vai mudar o cabelo, seu look inteiro
E dizer que agora


É vida que segue!
É vida que segue!" (Scracho - Vida que segue)



Acordo de manhã e vejo a cama desarrumada. Meio dormindo, levanto pensando que irá ser mais um dia que passarei, mais 24 horas me esfaqueando pelo próprio medo de ser alguém melhor. Eu daria tudo para aceitar que assim será o melhor pra mim.

Eu não consigo me livrar do meu eu-próprio me dizendo pra apagar as memórias, e com esse apagador em minha mão que parece apenas escrever mais e mais memórias, me fazendo relembrar o errado do meu passado, me faz suspirar e chorar.

Eu queria seguir minha vida, ter um futuro, um presente e um passado. Queria que meus sonhos estivem organizados como sempre foram depois que eu percebesse que ainda continuo sozinho, deitado em um quarto escuro com as cortinas cinzas.

Não que faça alguma diferença pra você que está lendo este texto este momento, mas já passei por tanta coisa que nem consigo acreditar que esse resto de humanidade sou eu. Eu quero partir pra bem longe daqui, mas quanto mais eu fujo, mais eu me prendo.

Mais uma vez me deixo em cacos, mais uma vez apenas ratos me acompanham nesta dor maldita. Ninguém mais vai tentar me dar histórias. E não adianta tentar fugir dos meus dias, eu só queria que eles não fossem tão cinzas assim.

E o relógio deixa as horas passarem, sem perceber os dias também. E eu vou sentindo falta de um abraço, um sorriso de um alguém que pudesse me dizer o quanto eu sou importante pra ela. Eu daria tudo para ter alguém que me falasse o quanto eu a faço feliz, o quanto eu sou um grande pedaço daquele coração.

Essas canções e poesias, que falo tanto sobre morte, que deixaria de viver, que estou cansado de ver toda essa merda  de vida descer numa cachoeira gigante com um grande abismo embaixo, é apenas um desespero de não ter ninguém pra amar.

Passo a tarde em frente do computador, na esperança de achar algo pra não precisar ver a janela de fora de casa. À noite, antes de me deitar, penso quanto tempo desperdiço pensando em pessoas,lugares,dias e noites vazias.

Olho pro teto, vejo que eu poderia viver melhor se eu aprendesse a não olhar o meu passado. Mas eu não consigo aceitar que eu, um dia, eu pude errar tanto quanto o erro. Eu passei dias amando pessoas que não pensaram nem um segundo o quanto eu sofri, o quanto eu passei.

Mas eu superei, e vivo no desejo insuperável de amar, de viver sorrindo pra um alguém. Não sei se eu devo te dizer caro leitor, que eu não consigo enxugar as lágrimas invisíveis, que vão escorrendo desde quando eu acordo até quando eu vou me deitar.

Elas me fazem perceber que eu nunca serei perfeito para ninguém, que nunca serei a pessoa que completará o coração de um outro alguém. Que nunca serei a pessoa que cantará as músicas mais lindas, recitar os poemas que eu dedicarei.

Elas partem meu coração, pois me dão a verdade, os cortes que se deixam nas minhas mãos, sangrando com uma caneta apoiada em dedos. No papel, escrito alguns versos de tudo o que eu vivi, tudo o que eu passei e doei.

E levo a dor de meu peito para meu quarto, e olho da janela, o quanto as pessoas mentem, o quanto elas se machucam umas às outras. O quanto elas se amam, e o quanto elas se odeiam ao mesmo tempo. Por que diabos só eu e 0,0001% das pessoas pensam nisso?

Por que logo eu tenho que enxergar as vidas de um ângulo sem visão, como um círculo com retas. Que saudade dos meus dias alegres, dos tererês e aniversários que passamos sem falar besteiras, e outros tantos com muita besteira.

Logo, as lágrimas invisíveis começam a queimar a partir de quando eu lembro dos dias alegres, dos dias em que eu fui feliz. Elas sempre virão a cair, no momento em que eu  novamente me deitar em dias cinzas e vazios. Até lá, espero estar melhor.

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