quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Flor Em Chamas

E pensar que eu iria escrever uma poesia
Sem qualquer traço de rima
Sem qualquer padrão 
Melhor, logo eu escrever de tal forma?

Encaixando meus padrões com o silêncio da voz
Os gritos desesperados da minha mente
E a expressão confusa das minhas palavras 
Faz com que você me veja de tal forma desprezível

Um conto de fadas iniciado em uma lata de lixo
Me lembro de ter visto como seus olhos são as peças restantes do céu
E eu lá, parado no meio de restos do meu quarto
Querendo que eu fosse alguma nuvem para te observar de perto

A única música que toca pra gente dançar, quer dizer, utopicamente falando
Seriam as sirenes da ambulância, o grito do policial, a euforia da multidão
E mesmo eu estando infestado de gente ao meu redor, só consigo ver nós dois como casos isolados
Talvez eu te perceba como um detalhe microscópico, como se fosse uma parte descuidada do mundo

Esperando o próximo ônibus passar, cogitando trocar de novo os fones de ouvido
Estão como tantos outros que eu comprei, com o som de apenas um lado, irritantemente
Eu observo como as pessoas ficam tão próximas da cor acinzentada, como se estivessem apagadas
E é só você amarrar seus tênis vermelhos, que as pessoas desaparecem, como se não aguentassem tamanho brilho

Se eu soubesse que iria escrever trechos tão compridos, eu teria colocado em formato de texto
Mas não ligo muito pra isso, pelo menos aqui não existem restrições
Enfim, como eu dizia, você não precisa fazer muita coisa para ser uma parte estranha do mundo
Você só precisa existir... E bom, eu adoro isso

Meu quarto parece estranhamente bagunçado
E o mais estranho ainda, eu prefiro assim
Talvez seja porque eu consiga me localizar
E mesmo assim, é tão... abandonável

Assim como eu mesmo, como se fosse algum resto podre da casa
Adorável solidão, considere que eu sou jovem demais para me sentir assim
Por que não a deixa vir aqui me salvar, por que não posso deixar a janela aberta?
Odeio suas preocupações estúpidas e inquietantes, como se você entendesse alguma coisa de dor

Tá, você pode até entender, porque afinal você é parte de mim
Chega de falar de como a solidão é irritante, vamos falar daquele pedaço de céu que vi passar
Eu me senti morto várias vezes, me senti apagado como se não tivesse mais lugar
E então, com uma piada tosca, ela me fez rir, e não foram poucas vezes

Aquela sensação esquisita de ter para quem ligar, além dos seus parentes
Aquela outra sensação esquisita de não compreender o que pensa sobre determinada pessoa
E além disso, aquela questão de vida ou morte de mandar pelo menos um "oi"
Como se toda a sua história ou destino dependesse da resposta

De qualquer forma, isso ainda não é o suficiente
Ainda acordo pensando em querer morrer, ainda acordo pensando com curiosidade sobre a pós-vida
Eu tenho a necessidade de um abraço e um beijo, aqueles que dizem sem querer que te apoia
E bom, atualmente tudo o que eu tenho é um violão e um blog que algumas pessoas leem

Eu a entreguei uma flor, uma flor incomum
Onde ela queima toda vez que a vê
Ela estranhou,é que eu não disse pra ela o significado
Ela queima toda vez que ela me diz não

E bom, algumas pétalas já foram, quero ver se ela vai conservar a flor ou não
Se vai deixar as pétalas queimarem como cinzas, ou se vai transformá-la como uma rosa de verdade
O que posso fazer se carrego em minhas mãos um papel e uma caneta
E um coração aberto feito de pano, e outras besteiras que a gente nem sabe o que é

Como eu vinha dizendo, meu quarto é meu único espaço do mundo
O resto do mundo, é apenas uns cômodos incômodos que atrapalham minha jornada
E espalhando minhas lágrimas para irrigar o plantio, vou deixando partes de mim como espelhos
Para que alguém, algum dia, consiga ver parte de tudo o que eu vejo

E nessa gigantesca poesia que proclamo meus problemas, como se isso resolvesse alguma coisa,
Encaixo suavemente uma mensagem subliminar com a esperança que me digam aonde ela está
E que também me mostrem as regras de etiqueta, para eu ter uma ideia do que dizer quando ela estiver por perto
Porque eu sinto que de alguma maneira, ela ficou tão próxima de mim, como átomos, e explodimos
Como se a gente fosse dois universos colidindo, e subitamente, desaparecendo

E assim, sinto como se eu fosse novamente desaparecer, como se eu fosse feito de pó, feito pra acabar
De alguma forma eu adoraria saber o que ela pensa de mim, e não adianta perguntar, ela desvia o assunto
Eu crio expectativas tão rápido quanto elas são frustradas, do mesmo jeito que eu coloco no papel
O que dessa vez rima, o que desta vez é, um punhado de palavras apagadas
Enquanto fecho com meu punho a parte mentirosa do céu

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