Ele olhava para o vazio que estava abaixo dele. Aquelas pessoas o observando, outras gritando, outras acreditando que as palavras iriam fazê-lo parar. Ele estava á dois passos do nada, seus pés, imóveis, insistiam em o segurá-lo.
Ele sabia que não poderia hesitar. Foi tão longe, e agora iria parar por simples lágrimas? Quem foi que disse que todo mundo pode ser feliz um dia? Agora estava afim de abraçar o vento, tomar a liberdade e a felicidade e as espalhá-la como gotas de chuva.
Nem toda a população do mundo todo iria fazê-lo parar. Sempre quis ser famoso, desde criança, e agora é, está em todos os canais de TV e em todas as sintonias da rádio, seu nome sendo falado por pessoas que ele nem conhecia.
Amanhã iria aparecer como manchete "O Perdedor Do Ano Diz Adeus", pensou ele. Já estava cansado de sua visão embaçada, dessa vida fadigada, a mídia manipulada. Antes de dar seu sorriso final, olhou para baixo, e viu como era alto.
Mas não tão alto como seu coração subiu e em dois minutos depois caiu como um meteoro. Ele a viu pedindo passagem e gritando para ele. Ela o fitava sem parar e nem piscava. Ele, em silêncio, apenas esperava os minutos para ele partir.
Já não bastava aquele sol nascendo todos os dias, ele era tão egoísta quanto o próprio egoísmo. Ele queria mais, estava cansado de ver o sol se pondo depois á tarde. Ele apenas queria uma luz neste coração escuro, que não sabia se chorava ou se ria.
Enfim, os passos aprenderam a contar até dois. Seus olhos não conseguiam se abrir, o vento o fechava com força. As pessoas tiravam fotos, os curiosos ficavam apenas contando os segundos.1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,20. O chão o encontrou, e a morte o abraçou. Já era hora de sua mudança.
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