Mas quando chega a noite eu não posso dormir
Pois quando fecho os olhos
Nenhuma luz se apaga
Eu já tentei, eu cansei de gritar
Eu já fiz mais do que eu consigo aguentar" (Fresno - Não Vou Mais)
É assim que eu me sinto vivendo na sociedade |
Eu queria pelo menos conquistar um sonho, poder parar de esperar neste mesmo banco, nesta mesma solidão e perto deste mesmo rio. Eu queria pelo menos parar de acordar tantas vezes no mesmo lugar, sentir que minha vida vã ser apenas um prefácio de uma vida nova.
Estou cansado de esperar e gritar, e mesmo assim ninguém conseguir me escutar. Cansei de ter que segurar o tempo nos meus dedos, de correr atrás de pessoas,amores,vidas e histórias que eu sei que não valerão a pena no final de toda esta merda.
Eu já fiz de tudo e mais um pouco pra ter que esperar um pouco mais desta vida morta. Eu já cometi erros que eu nem sei mesmo se valem como vivos. Eu escrevi poemas pra você me amar, e hoje em dia faço de tudo pra você chorar.
Não viva, não siga adiante, cuidado com regras, caminhe pelo mesmo caminho, espere o que não vem. Tudo não importa afinal, ninguém se importa se você faz o impossível pra sociedade enxergar o que o medo nos faz se afastar.
Queria apenas caminhar pra um caminho sem destino, vontade de jogar tudo pro alto sem medo de se quebrar no chão, e correr contra o vento pra viver. Vamos todos para o inferno, a merda desta alma continua no sofrimento eterno.
Segure suas rédeas, hoje não há lugar pra você se alimentar. Se guarda cacos de vidro como prato principal no jantar. E será sempre assim, se jogando num caminho sem fim, ao ver que a sociedade não perdoa que você erre,morra,bata,fuja,escape.
Segure seus sonhos para eles não voarem, eles podem explodir no espaço. Caminha com desconfiança, todos olham quando você aperta o passo. Lembre-se que o dia depois de amanhã pode ser tão ruim quanto ontem.
Eu sou apenas um garotinho assustado, com medo de fazer o certo e o errado, medo dos olhares que eu sei que são para mim. Sou apenas um alguém que tem tantas histórias pra contar, tanta coisa pra dizer e falar, mas ninguém para escutar.
Tantas vezes eu me iludi que havia alguém com um ombro para me deitar, ou um ouvido para me escutar. E no final de tudo, não me sobrou mais nada. E, todos os dias, antes de dormir, insisto em orar para que tudo melhore, que vá tudo pro espaço essa vida e que você principalmente descanse em paz.
Mas todo mundo acha que eu estou feliz. Com essa vida "confortável" que eu tenho, com uma mãe com a maior parte do tempo fora por causa do trabalho, um pai que morre de trabalhar a manhã e tarde inteira e à noite trabalha em casa. E eu, a maior parte fingindo que estou aqui, neste mundinho invisível.
É de mentira quando eu sorrio, e também é mentira quando eu digo que eu me sinto bem. Quero parar de escrever, e um dia qualquer, contar pra um alguém que queira me escutar, as milhões de histórias que se pode inventar ou as que eu passei.
Se algum dia eu jurei amor eterno à você, talvez fosse verdadeiro. Mas também, talvez, seja um desejo certeiro de pegar esse coração derretido pelas regras da sociedade, pelas vozes da sociedade, pela merda da sociedade.
Quem vai vir aqui, sentar do meu lado, me abraçar e dizer: "Eu lutarei por você"? Quem vai ser a pessoa que vai me retirar desta mesma rotina, sentado aqui neste banco vendo a água do rio cristalina. Estou cansado de ter que tentar e morrer na areia da praia.
Quero desistir antes mesmo de tentar, quero fugir antes mesmo de pensar nas pessoas que eu acredito amar. Quero apagar de vez minha existência, como uma borracha apaga-se traços de um lápis fraco e morto.
Será que consigo me encaixar em algum lugar? Ou apenas continuarei a tentativas vãs com minha alma destruída? Eu queria me esconder pra ninguém nunca mais poder me encontrar. A partir desta madrugada morta e quieta, aprenderei a me calar.
A partir de hoje, eu não vou mais gritar e perder minha voz ao relento, correr atrás de amores que eu sei que nunca terei chance ou ao menos vou esperar o dia clarear amanhã. Antes de eu dormir, irei fechar os olhos torcendo que quando acordar, a corda do meu pescoço comece a se afrouxar, antes que eu comece a me afogar.
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